A Polícia Federal indiciou o influenciador digital e ex-coach Pablo Marçal (PRTB) por uso de documento falso às vésperas das eleições municipais de 2024.
Nesta sexta-feira, 8, Marçal prestou depoimento durante aproximadamente três horas na Superintendência Regional da PF, em São Paulo. O ex-candidato negou qualquer envolvimento no caso e reiterou a versão que ele deu após a ocorrência do episódio: que o documento foi postado pela sua equipe de campanha sem o seu aval.
Na sexta-feira 4 de outubro, dois dias antes do primeiro turno, Marçal publicou nas redes sociais um laudo médico forjado para acusar Guilherme Boulos de uso de drogas.
Os peritos da Polícia Civil, horas depois, confirmaram a falta de autenticidade do documento ao comparar oito assinaturas do médico José Roberto de Souza, que constava no laudo. José Roberto morreu há dois anos em decorrência de uma doença rara.
Segundo o documento, “É FALSA a imagem da assinatura em nome do médico ‘JOSÉ ROBERTO DE SOUZA’, lançada no receituário objeto de exame, descrito no capítulo ‘Peça de Exame’, posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados nos documentos descritos no capítulo ‘Padrões de Confronto’”.
No próprio final de semana do primeiro turno, a Justiça Eleitoral reconheceu indícios de falsificação. Segundo o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, “há plausibilidade” nas alegações da campanha de Boulos que apontam a “falsidade do documento”. Ele citou ainda a “proximidade” do ex-coach com o dono da clínica responsável pelo laudo e o fato de o documento médico ter sido “assinado por profissional já falecido”.
Dono de clínica foi condenado por falsificação
O biomédico Luiz Teixeira da Silva Junior, proprietário da clínica responsável peloreceituário apresentado por Marçal, foi condenado em 2021 por usar documentos falsos para obter o registro profissional de médico.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Teixeira Júnior apresentou ao Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul um diploma de graduação em medicina e uma ata de colação de grau falsos supostamente emitidos pela Fundação Educacional Serra dos Órgãos. A instituição nega que ele tenha sido aluno do curso.
O fato de a faculdade ter sido renomeada como Centro Universitário Serra dos Órgãos foi outro elemento que indicou tratar-se de um documento falsificado. Ele teria pagado R$ 27 mil aos falsificadores.
Luiz Teixeira da Silva Júnior foi sentenciado a 2 anos e quatro meses de prisão, inicialmente em regime semiaberto. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) confirmou a condenação, mas a substituiu por uma pena restritiva de direitos.
O Antagonista