O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira (22), que não tinha conhecimento de “um plano para matar alguém”.
A declaração de Bolsonaro é divulgada um dia após a Polícia Federal (PF) indiciá-lo, junto a outras 36 pessoas, pela tentativa de um golpe de Estado no país depois do resultado da eleição presidencial de 2022, na qual o então candidato à reeleição foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas a fala à revista aconteceu antes, por videoconferência, um dia depois daoperação realizada pela PF na terça-feira (19), onde 4 militares e um policial federal foram presos.
“Lá na Presidência havia mais ou menos 3.000 pessoas naquele prédio. Se um cara bola um negócio qualquer, o que eu tenho a ver com isso?”, questionou Bolsonaro. “Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu”, acrescentou.
Segundo a investigação da PF, um documento contendo o plano para matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi impresso em 9 de novembro de 2022 no Palácio do Planalto e levado ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
Ao longo da entrevista, Bolsonaro declarou também que “jamais compactuaria com qualquer plano para dar um golpe”.
“Quando falavam comigo, era sempre para usar o estado de sítio, algo constitucional, que dependeria do aval do Congresso”, disse o ex-presidente.
O estado de sítio é um instrumento que pode ser utilizado pelo presidente da República em casos, por exemplo, de grave comoção de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medida tomada durante um possível estado de defesa.
O estado de sítio é solicitado pelo presidente ao Congresso Nacional, ouvindo antes o Conselho da República e o Conselho da Defesa Nacional. Com a medida em vigor, garantias individuais são suspensas e o presidente passa a ter poderes plenos.