A vereadora Raíssa Lacerda (PSB) ocupou a tribuna da Câmara de João Pessoa, nesta terça-feira (15), para, segundo ela, contar a verdade sobre a operação da Polícia Federal que a levou para a cadeia no mês passado. Visivelmente abalada, disse ter sido alvo de uma armação e terceirizou responsabilidades, jogando a culpa por suposta relação com traficantes para outros vereadores.
Raíssa citou, para sustentar a acusação, as investigações da Polícia Federal. “Está tudo lá”. O relatório da Polícia Federal aponta suposto envolvimento da parlamentar com traficantes, em ações que teriam resultado em beneficiamento eleitoral em seguidas eleições em bairros como São José e Alto do Mateus.
Um dos episódios mostrados remonta ao ano de 2018, quando “a antiga NOVA OKAIDA RB (hoje NOVA OKAIDA38) patrocinou diversos eventos em vários bairros e cidades da Paraíba, para comemoração do que consideravam a data de aniversário da nova Facção (11/08)”. Naquela oportunidade, a vereadora Raíssa Lacerda aparece abraçada com traficantes no Bairro São José enquanto tiros são disparados para o alto em todo o Estado.
Os fatos narrados pela PF apontam que o envolvimento dela com o bairro São José foi duradouro, porém, rompido por algum motivo mais recentemente. Tanto que os servidores do CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) que o traficante Poeta queria mudar seriam indicações dela. Em foto dela com os funcionários da prefeitura, uma outra, chamada Jullyana Marinho, lamenta não ter estado presente para sair no retrato.
Os supostos casos de mensagens captadas em que Raíssa Lacerda estaria tentando emplacar membros de facções ou familiares aparecem registrados no relatório da Polícia Federal. Tudo por causa de mensagens supostamente trocadas por ela e assessores com os suspeitos de cometimento de crimes.
Na comunidade Beira da Linha, por exemplo, a apoiadora Kaline Neres grava vídeo com o traficante Cabeça, supostamente reforçando a articulação de Raíssa na comunidade. Raíssa também teria tentado emplacar a mulher do traficante Eliel de Souza Alves como servidora da Prefeitura. Ele é integrante da organização criminosa Nova Okaida e tinha emprego público quando foi preso.
Em um suposto diálogo com uma servidora da Prefeitura para defender a contratação de Mayara, a vereadora teria lamentado a prisão do criminoso: “o bichinho foi preso”, disse.
Raíssa Lacerda foi solta no dia 1º de outubro, após quase duas semanas presa. O relatório da Polícia Federal traz 431 (quatrocentas e trinta e uma) citações ao nome dela.