A preocupação dos candidatos de oposição a prefeito de João Pessoa em relação as denúncias de infiltração do crime organizado nas eleições de João Pessoa é, extremamente, necessária e pertinente. Denunciar e cobrar rigor nas investigações é função, dever, obrigação das autoridades políticas. No entanto, não se pode confundir um direito legítimo com terrorismo eleitoral ou com eventuais crimes contra o adversário político.
Na ânsia de criar fatos novos para tentar evitar uma eventual vitória de Cícero Lucena (PP) no primeiro turno como apontam, até agora, as pesquisas eleitorais, os candidatos Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos), podem ter incorrido em propaganda negativa ao associarem Cícero ao crime organizado, sem apresentarem provas. O Podemos, partido de Ruy, já foi condenado pela justiça eleitoral (perdeu tempo de TV) por associar Cícero e seus familiares ao crime organizado.
O segundo ponto que merece reflexão é a propaganda negativa contra João Pessoa, já que a coletiva repercutiu na mídia nacional. Cartaxo chegou a dizer, também sem provas, que “os bandidos de todo Brasil estão vindo morar na cidade”. A declaração do petista é um desserviço a tudo que está sendo construído para atrair turistas. A capital paraibana é a “bola da vez” no turismo brasileiro. A mensagem sensacionalista que transmite medo tem potencial exponencial de afastar os interessados em visitar João Pessoa. Pesquisas apontam que a insegurança é o principal obstáculo ao turismo no Brasil. Turistas têm procurado o nordeste, sobretudo, a capital paraibana por causa de suas belezas e também por ser uma cidade tranquila.
Outro ponto que chama a atenção e revela dose de desespero do trio, é a cobrança pela quebra do sigilo das investigações. Isso é um assunto que compete a justiça. Logicamente, a divulgação de informações em operações complexas como essa compromete as investigações. Operações policiais não devem ser usados com víeis eleitoral.
Além disso, a espetacularização da coletiva e não do tema em si, pode ter efeitos adversos aos anseios dos candidatos. A união de três adversários, contra um, reforça a mensagem de favoritismo do atual prefeito. A psicologia ensina que as pessoas tendem a tomar decisões baseadas, nos vieses cognitivos, dentre eles, o da conformidade social, que é a tendência de seguir o comportamento da maioria, beneficiando o favorito, acreditando que se muitos estão nessa direção é porque ela pode ser a correta.
Portanto, se a ideia da coletiva foi conquistar tentar desconstruir o adversários na tentativa de tirar votos, principalmente, dos indecisos, a mensagem, em nível inconsciente, conforme a psicologia das massas, pode ter reforçado mais ainda os fatores psicológicos de tomada de decisão em favor de Cícero Lucena.