O coach e empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo, já é o fenômeno das eleições 2024, não há nenhuma dúvida. Até algumas semanas, os principais candidatos levaram o coach na brincadeira, como mais um personagem folclórico que aprece em todas eleições, falando apenas para a bolha. Entretanto, a partir do debate no qual conseguiu tirar Guilherme Boulos (PSOL) do série com o episódio da carteira de trabalho, Pablo Marçal catapultou, definitivamente, o engajamento do bolsonarismo, cujas principais lideranças têm ou tinha compromisso com outro candidato.
As mais recentes pesquisas eleitorais (DataFolha, Atlas e Paraná Pesquisas) já apontavam esse movimento. Os bolsonaristas começaram a largar a candidatura de Ricardo Nunes (MDB) para abraçar a de Marçal, mesmo com Jair Bolsonaro e sua família detonando o candidato do PRTB. Apesar do aceno claro de Bolsonaro para Nunes, muitas lideranças do PL desafiam a liderança do ex-presidente e anunciaram apoio a Pablo, a exemplo do senador Cleytinho (PL/MG). Marçal soube acolher com maestria o sentimento que move o bolsonarismo, com as pautas que lhes são caras, demonstrando domínio de comunicação no sentido mais amplo, incluindo as redes sociais, boa oratória, técnicas de PNL e humor sarcástico na desconstrução dos adversários.
O crescimento da candidatura de Pablo aponta que ele é um candidato, extremante, competitivo. Vi alguns analistas comentando que a eleicão dele era praticamente impossível. Era necessário um hecatombe, um fato semelhante à facada em Bolsonaro, em 2018. Pois bem, neste sábado (24), de forma monocrática e atabalhoada, a justiça eleitoral decide suspender as redes sociais do Coach, alegando abuso de poder econômico. Era a narrativa que faltava para aflorar as emoções dos mais radicais e barulhentos bolsonaristas, que identificam em Marçal o arquétipo do herói, que ousou se levantar contra o sistema e sofre dura perseguição e a figura messiânica que veio libertar o povo da opressão do sistema.
No insconsciente coletivo, a suspensão das redes sociais do candidato pode funcionar como elemento semelhante à “facada”, que impulsionou e deu a vitória a Bolsonaro. Não sei se a decisão é capaz de alavancar a campanha de Pablo Marçal a esse ponto, mas de uma coisa tenho certeza: era o combustível que faltava para incendiar a direita.