O primeiro debate entre os candidatos a prefeito de João Pessoa, promovido pela TV Arapuan/Band, a noite dessa quinta-feira (8), revelou um confronto de alto nível entre os candidatos. A capacidade retórica, de persuasão dos quatro postulantes ao cargo é um atrativo à parte e, certamente, vai conquistar o “engajamento” do público/eleitores para outros confrontos.
O debate teve doses de sagacidade, provocação, ironia, misturadas com algumas propostas apresentadas pelos candidatos, ingredientes que compõem um bom confronto. O nível de decência e respeito entre os postulantes foi tão bom que, sequer, foi apresentado um pedido de direito de resposta, algo raríssimo.
Dentre as estratégias dos candidatos, o previsível. Todos atacando o prefeito Cícero Lucena (PP), líder nas pesquisas e, praticamente, garantido no segundo turno. O prefeito conseguiu confrontar os principais críticos da gestão, Luciano e Cartaxo (PT) e Ruy Carneiro. Ficou evidente que a estratégia de Cícero é defender a gestão, rebatendo de forma enérgica os adversários. Foi assim quando Cartaxo fez críticas à educação e o prefeito afirmou que a gestão de Cartaxo foi reprovada pela população, principalmente, nesse item, já que a ex-secretária de Educação na gestão dele foi candidata a prefeita, em 2020, e ficou na quinta colocação.
Ruy Carneiro (Podemos) trouxe a estratégia clara de desconstruir a atual gestão, principal alvo do candidato, sem deixar de oferecer propostas à população. Carneiro tenta se diferenciar dos demais candidatos, apostando na apresentação de ideias, seguindo o mesmo movimento já adotado nas eleições de 2020. Nesse debate percebi, no entanto, Ruy mais ansioso, perdendo o tempo de pergunta aos candidatos, de certa forma, até compreensível para o primeiro debate.
Cartaxo tentou polarizar o debate com Cícero Lucena fazendo comparação das gestões, sobretudo, na saúde e educação. O que chamou a atenção, no entanto, foi a tentativa de polarizar o debate, também, com Marcelo Queiroga (PL), sobretudo, com ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mostra preocupação com o bolsonarismo na capital. Além disso, houve mudança no tom adotado pelo petista, com discurso mais agressivo e provocativo – provavelmente, numa tentativa de empolgar e atrair o militante de esquerda – destoando da imagem construída, ao logo do tempo, de um Cartaxo sereno e equilibrado.
Marcelo Queiroga tá na confortável posição de franco atirador. Polarizou com Cartaxo e, certamente, conseguiu mostrar o cartão de visita para militância bolsonarista, com doses de ironia, perguntas instigantes e raciocínio rápido. No confronto com Cartaxo, desestabilizou o petista ao conseguir dele a resposta de não ter implantado o BRT anunciado para João Pessoa porque Dilma Roussef (PT), presidente da República na época, retirou os recursos para investir na construção de estádios para Copa do Mundo, em 2014.
Particularmente, gostei do primeiro debate. Reuniu os ingredientes que são essenciais, no meu ponto de vista, para um bom confronto. Afinal, debate, é tentativa de convencimento do eleitor. Nesse quesito, cabe de forma respeitosa, é claro, a desconstrução do adversário, com doses de sarcasmos, ironia, provocação e muita inteligência. As propostas são apenas um item do processo de convencimento no confronto, tornando o debate totalmente enfadonho caso os candidatos optassem a ficar presos apenas a esse quesito.
Certamente, os próximos debates prometem esquentar mais ainda a campanha e trazer grandes emoções.