“Mexeu com uma, mexeu com todas”. Essa frase virou mantra na esquerda brasileira. Em episódios de violência contra mulheres, sobretudo, os de maiores repercussão, as expoentes dos movimentos feministas do Brasil vinham a público, com camisetas e bandeiras, com esta frase. Nada contra a campanha, acho justa. Sou a favor das campanhas de conscientização de combate à violência de gênero, no entanto, repudio a hipocrisia, a incoerência e o uso político do tema como bandeira ideológica seletiva.
Essa semana, a ex-esposa do Luiz Cláudio, filho mais novo de Lula (PT), prestou queixa na delegacia e conseguiu medida protetiva contra o filho do presidente, após denunciá-lo por violência física, psicológica e moral. Porém, não encontrou solidariedade, empatia ou sororidade dos grupos feministas ligados à esquerda brasileira e ao PT. O partido, principal expoente na luta contra a violência de gênero, preferiu o silêncio barulhento, relevando total apatia e covardia diante de uma “bandeira cara” aos seus ideais.
O presidente Lula, que em recente cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, fez um eloquente discurso encorajando as mulheres a não aceitarem qualquer tipo de violência dos homens, preferiu silenciar diante do incômodo assunto. É fácil condenar a violência doméstica quando os autores são distantes ou de ideologias diferentes. O desafio é se posicionar quando o assunto envolve os da minha própria casa. Aí, nós identificamos quem tem compromisso com a pauta ou quem usa dela para interesses pessoais e de grupo.