Um dia após se reunir com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao massacre promovido por Hitler contra judeus no século XX. A declaração foi dada neste domingo (18/2), em coletiva de imprensa ao encerrar o giro do presidente brasileiro pela África.
Questionado sobre a suspensão recente de ajuda humanitária aos palestinos chamou o que classificou de “mundo rico” de “essa gente” e rebateu: “Qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio?”.
Segundo ele, não é uma guerra entre soldados e soldados, mas “uma guerra de um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”. “Se teve algum erro nessa instituição que recolhe dinheiro, puna-se quem errou, mas não suspenda a ajuda humanitária para o povo que está há tantas décadas tentando construir o seu Estado”.
E completou:
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.
Reações
Logo após a fala de Lula, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse que vai convocar o embaixador brasileiro no país, Frederico Meyer, para uma conversa nesta segunda-feira (19/2).
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Ninguém prejudicará o direito de Israel se defender. Ordenei ao pessoal do meu gabinete que convoque o embaixador brasileiro para uma chamada de repreensão amanhã”, escreveu Katz no X (antigo Twitter).
Por sua vez, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) divulgou nota de repúdio. “Os nazistas exterminaram seis milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de Fundação a eliminação do Estado Judeu”, diz a nota.
E prossegue, com críticas à gestão petista: “O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira”.
Estado Palestino
O Brasil defende na Organização das Nações Unidas (ONU) o reconhecimento do Estado Palestino como Estado pleno e soberano. A defesa da Palestina incluiu a Faixa de Gaza e Cisjordânia, com Jerusalém oriental como capital.
Neste domingo, Lula voltou a dizer que condena os ataques do Hamas contra civis israelenses, mas também criticou o governo israelense. “O Brasil condenou o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que o Exército de Israel está fazendo na Faixa de Gaza”.
Ele ainda creditou o conflito no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia à falta de uma instância de deliberação. “Nós não temos governança”, considerou.
A Faixa de Gaza é governada pelo Hamas desde 2006, após o grupo vencer as eleições parlamentares daquele ano. Desde outubro de 2023, quando terroristas do Hamas praticaram atentados, há um conflito armado na região, com ataques diários de Tel Aviv. Hoje, a Autoridade Palestina não tem nenhuma influência em Gaza.
Metrópoles