Um áudio contradiz frontalmente um dos argumentos que André Janones apresentou ao se defender da acusação de rachadinha feita por ex-assessores. Ao tentar tirar a gravidade da reunião em que cobrou parte do salário dos servidores, o deputado alegou que ainda não havia assumido o mandato na Câmara. E que tampouco os funcionários haviam sido nomeados.
Escreveu Janones numa rede social:
“A história: eu (quando ainda não era deputado), disse para algumas pessoas (que ainda não eram meus assessores) que eles ganhariam um salário maior do que os outros, para que tivessem condições de arcar com dívidas assumidas por eles durante a eleição de 2016. Ao final, a minha sugestão foi vetada pela minha advogada e, por isso, não foi colocada em prática. Fim da história”.
Ocorre que, na íntegra do áudio revelado pela coluna, Janones deixa claro que já estava no exercício do mandato. E que, inclusive, participaria de uma sessão no plenário horas após a reunião, ocorrida dentro da própria Câmara dos Deputados, na qual estipulou a rachadinha.
“Não sei se vocês viram aí nas noticias do Facebook. Já tem uma p#rrada de deputado que apresentou projeto de lei ontem. Ontem tinha uma fila de 100 deputados apresentando projeto de lei. Eu sequer sabia de disso.
Por que eu não sabia? Por que não contratei nenhum especialista em técnico legislativo. Hoje tem plenário à tarde. Eu não sei o que que eu vou fazer lá. Vou chegar lá e vou ficar perdido. Não sei como que é, o que eu vou fazer, que horas que eu falo, que assunto que vai ser.
Por quê? Porque não contratei ninguém de plenário”, disse Janones na reunião.
O trecho do áudio corrobora a versão, de ex-assessores de Janones, de que a reunião ocorreu em 5 de fevereiro de 2019, uma terça-feira. A nomeação de Fabrício Ferreira, um dos que acusam o deputado de rachadinha, foi publicada no Diário Oficial quatro dias antes, em 1º de fevereiro.
Se a data do encontro poderá ter algum impacto na esfera judicial, só o tempo irá dizer. Por ora, fica demonstrado que Janones se mantém fiel ao “janonismo cultural” e está disposto a tudo, até mesmo a fake news, no campo da guerra de narrativas.
Metrópoles