Causa espanto a percepção que a classe política tem sobre corrupção e o trato com dinheiro público. O áudio do deputado federal, André Janones (Avante/MG), naturalizando a prática da famosa “rachadinha” é de arrepiar. A conduta só é vista como corrupção pelo deputado quando é praticada pelo adversário político. Porém, quando se refere ao próprio comportamento, o deputado usa a palavra “justiça” como eufemismo para suavizar o ato corrupto.
A psicanálise trata isso como mecanismo de defesa do ego chamando de racionalização, isto é, quando comportamentos controversos e inaceitáveis são justificados de uma maneira aparentemente racional ou lógica, tornando-o tolerável, para evitar, inconscientemente, sofrimento psíquico. Traduzindo: Janones tem total consciência que sua atitude é criminosa, mas usa argumentos insustentáveis para lidar com a própria culpa.
Chegou a dizer que iria colocar dinheiro a mais no salário de um assessor que ganha R$ 10 mil para ficar com o restante, afim de pagar dívidas pessoais.
“Não acho que isso é corrupção porque eu perdi patrimônio (durante campanha para prefeito) e acho justo que as pessoas também participem da reconstrução disso. Eu vou ganhar R$ 25 mil e Mário (assessor) vai ganhar R$ 10 mil. Só que os R$ 10 mil do Mário é livre para ele e dos meus R$ 25 mil, R$ 15 mil é para dívidas que ficaram em 2016. Não é justo”, Explanou.
Pagar dívidas pessoais com dinheiro de rachadinha é mais do que justificável para Janones. Aliado do presidente Lula (PT), Janones atuou na campanha do petista como estrategista das redes sociais. Em livro, ele sugere ter usado fake news e métodos eticamente duvidosos para desestabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem acusa de fazer rachadinha.
A rachadinha da direita é do mal. A da esquerda é do bem. É a visão seletiva e ideológica de Janones sobre corrupção. E assim, de incoerência, pilantragem e safadeza e rachadinhas vive nossa classe política.
Ouça o áudio no link abaixo:
https://www.instagram.com/reel/C0JnfN2ueoN/?igshid=ODhhZWM5NmIwOQ==