O presidente Lula acaba de lançar o PAC. Essa é a terceira edição de um programa que sempre termina com centenas de obras inacabadas. O petista está preso ao passado e tudo o que trouxe para o terceiro mandato são remontagens de projetos antigos e conhecidos da população brasileira.
Com o PAC 3, o governo junta o desmonte promovido na Petrobras durante a gestão Dilma, com a retomada de investimentos em refinarias e estaleiros — setores que terminaram a gestão petista em estado de penúria após a Lava Jato ter levado luz a um esquema de desvios históricos. O fim da história atual provavelmente será o mesmo, até porque não há motivos racionais para acreditarmos que, em se adotando as mesmas práticas, teremos resultados diferentes.
É preciso, no entanto, entender o que trouxe o Brasil de volta a 2002 como se não tivesse aprendido nada nos últimos 20 anos. E a resposta é Jair Bolsonaro. A inépcia e falta de tato do ex-presidente levou milhões de brasileiros a uma espécie de escolha de Sofia entre duas opções notadamente aquém das necessidades do país. A rejeição a Bolsonaro levou à eleição de Lula — com retumbantes quase 51% dos votos válidos. A eloquente demonstração numérica das urnas é inequívoca, venceu o que os eleitores consideraram um mal menor.
Para o vencedor do pleito, no entanto, nada disso é real. Afundado na megalomania tradicional somada à vingança por ter amargurado centenas de horas encarcerado, Lula se convenceu, ou foi convencido pela ala mais estridente do PT, de que a vitória eleitoral era a vitória de um modelo de gestão. Obviamente, ele está completamente equivocado. Entre as duas oposições impostas aos eleitores no segundo turno, uma multidão votou no menos pior — milhões, em Bolsonaro, para evitar Lula e outros milhões em Lula para evitar Bolsonaro.
A repetição amanhã dos erros de ontem é culpa de ambos. Mas engana-se o mandatário que pensa ter sido vitorioso por representar uma agenda específica e repete a estratégia fracassada dos governos anteriores. Os eleitores que acomodaram a escolha no menos pior não esperam por uma volta ao passado e podem, por algum tempo, permancerem inertes enquanto o petismo avança pelas mesmas trilhas de outrora. Não para sempre, porém.
Lula está tão errado agora quanto esteve antes.
Rodrigo Santos (O Antagonista)