Jair Bolsonaro negou na sexta-feira (18) ter recebido dinheiro da venda do relógio Rolex presenteado pelo regime da Arábia Saudita. Em entrevista ao Estadão, o ex-presidente afirmou que seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, tinha “autonomia” para agir.
“Como está na matéria da Folha, ele tem autonomia. Não vou mandar ninguém vender nada”, disse.
Questionado se Mauro Cid agiu por conta própria, o ex-presidente afirmou:
“Joias é tido como personalíssimo, ou seja, pertence ao presidente. Até 2021. Agora, eu deixo claro. Foi no meu governo que derrubou a portaria. Se eu tivesse intenção outra, eu teria revogado, teria preocupação com essa portaria. Teve uma viagem do escalão nosso. 20, 25 pessoas receberam relógio do chefe daquele país. Inclusive discutiram: ‘devolve, não devolve’, foi decidido que ficava com aquelas pessoas.”
Na quinta-feira, o advogado Cezar Bittencourt, representante de Mauro Cid, afirmou que o seu cliente confessaria ordem de Bolsonaropara vender as joias sauditas nos Estados Unidos em junho de 2022. O conteúdo foi confirmado por O Antagonista na ocasião.
Ontem, porém, Bittencourt recuou. A confissão de Cid trataria apenas do “problema do Rolex”, em referência ao imbróglio de venda e recompra do relógio em resposta a ordem de devolução do Tribunal de Contas da União neste março.