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ANÁLISE: O cinismo da esquerda com a deleção no caso Marielle alimenta polarização neurótica no país

Chaga a ser insana a euforia com que as autoridades que antes criticavam o instrumento da delação premiada na Lava-Jato comemoraram a colaboração premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, no caso da ex-vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

O depoimento do ex-PM trouxe fatos novos ao caso, que gerou esperança tanto ao ministro da Justiça, Flávio Dino, como nos militantes da esquerda, que agora defendem a “delação do bem” para chegar aos autores do homicídio. Espero que, de fato, o depoimento contribua para chegar aos mandantes dos crimes.

O interessante e repugnante, ao mesmo tempo, no entanto, é que esses mesmos personagens sempre se opuseram aos modus operandi da Lava-Jato, através da delação premiada, para obter provas e condenar seus aliados políticos. Quem não lembra das críticas à delação de Antônio Palocci que incriminavam Lula, só para exemplificar apenas um caso.

Fica evidente que o instrumento da delação, o qual sempre defendi como meio de obtenção de prova como diz a lei, só é válido para esquerda quando é para atender aos interesses ideológicos do grupo político. Essa aberração cognitiva só alimenta a polarização neurótica no Brasil.

No final das contas, vai dar panos para manga, com argumentos, até certo ponto lógicos, para bolsonaristas cobrarem o mesmo empenho, quem sabe até uma delação do Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro, sobre o “mandante” do  atentando contra o ex-presidente. Há ligações do autor com partidos de esquerda e advogados militantes o defendendo no caso.

Nessa guerra de narrativas, o Brasil caminha para uma dualidade tóxica que tem envenenado a alma de milhões de brasileiros .

 

 

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