O presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, afirmou, sem citar o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ter ficado “surpreso” com uma fala de que a ditadura na Venezuela se trata de uma “narrativa”.
“Fiquei surpreso quando foi dito que o que aconteceu na Venezuela foi uma narrativa. Já sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e ao governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que estão mediando para que haja uma democracia plena na Venezuela, para que se respeite os direitos humanos e que não hajam presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Vamos dar o nome que tem e vamos ajudar.”
A fala do presidente uruguaio foi feita em uma reunião fechada durante participação em encontro com líderes de países da América do Sul.
Na segunda-feira (29), após se encontrar com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, Lula afirmou que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.
“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, disse Lula.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, também rebateu a fala do presidente Lula sobre as denúncias de violação contra direitos humanos na Venezuela.
“Não é uma narrativa, é uma realidade, é séria, e tive a oportunidade de vê-la de perto nos rostos e na dor de centenas de milhares de venezuelanos que hoje vieram para nossa pátria, e que exigem também uma posição firme e clara em respeito a que os direitos humanos devem ser respeitados sempre e em qualquer lugar, independente da posição política do atual governante. Isso se aplica a todos nós”, comentou o chileno.
Boric avaliou que, apesar de seguir o espectro político de esquerda, achou importante defender sua posição no primeiro encontro presencial na frente de Maduro. O chileno disse que, respeitosamente, discordou de Lula quanto à declaração recente.
“A verdade é que estamos felizes pela volta da Venezuela a espaços multilaterais, porque acreditamos que nestes espaços é onde se resolve os problemas, e não com declarações nas quais atacamos uns aos outros. Isso, no entanto, não pode significar que devemos empurrar para debaixo do tapete ou fazer vista grossa com temas com princípios importantes para todos nós”, analisou Boric.
CNN BRASIL