O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “histórico” o encontro que manteve nesta segunda-feira com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que foi recebido no Palácio do Planalto com todos os trâmites de uma cerimônia oficial de visita de chefe de Estado.
Durante declaração conjunta à imprensa, Lula fez fortes críticas aos EUA pelo embargo econômico ao país vizinho, afirmando que as sanções econômicas são “pior do que uma guerra”, e chamou de “narrativas” as acusações de que a Venezuela não vive sob um regime democrático.
— Maduro não tem dólar para pagar suas importações. É culpa dele? Não. É culpa dos EUA, que fizeram um bloqueio extremamente exagerado. Sempre acho que o bloqueio é pior do que uma guerra. A guerra, normalmente, morre soldado que está em batalha. Mas o bloqueio mata criança. Mata mulheres, mata pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo — afirmou.
‘Narrativas’ contra a Venezuela
Apoiado por Maduro, Lula chamou de “narrativas” as acusações de ditadura no país.
— O Maduro sabe a narrativa que construíram contra a Venezuela durante tanto tempo, essa narrativa durante muitos anos o Celso Amorim andava ao mundo explicando as pessoas que não era do jeito que as pessoas diziam que era — afirmou Lula.
Maduro, por sua vez, em defesa da união dos países da América do Sul, afirmou que não era possível deixar que “ideologias intolerantes, extremistas e excludentes” se imponham.
— Não podemos deixar que as ideologias intolerantes se imponham, as ideologias extremistas, excludentes. Ou você pensa como eu, ou você vai embora daqui, você não está conosco. Isso é uma ideologia intolerante, extremista, excludente. E sobre essa base jamais poderemos construir uma união necessária frente a diversidade da nossa América.
Lula ainda defendeu a entrada da Venezuela no Banco dos Brinca, bloco formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África o Sul. O banco hoje é presidido pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
— Primeira reunião oficial dos BRICS que vou participar depois de 8 anos. Tem várias propostas de outros países que querem entrar nos BRICS. Nós vamos discutir, porque não depende da vontade do Brasil. Depende da vontade de todos. A gente vai discutir. Se houve rum pedido oficial, esse pedido será oficialmente levado para os BRICS e lá decidiremos. Se você perguntar a minha vontade, eu sou favorável.
O Globo