O tema da corrupção, exaustivamente debatido na campanha eleitoral, parece que ainda vai render muitas manchetes nos veículos de comunicação no Brasil. Isto porque o presidente eleito Lula insiste em tomar decisões que mantêm acesas as chamas do debate. A primeira foi a nomeação de membros da equipe de transição acusados e até presos na Lava-Jato, a exemplo de Guido Mantega, Paulo Bernardo e Paulo Okamoto.
No mais recente episódio, apesar dos alertas de aliados próximos, Lula fez questão de viajar para o Egito no jatinho do empresário que é delator na Lava-Jato, confessou ter praticado caixa 2 e devolveu R$ 200 milhões aos cofres públicos. O empresário, que é amigo íntimo do petista, doou R$ 1,2 milhões para campanha de Lula, nas eleições deste ano. O TSE aponta, inclusive, irregularidade na doação de R$ 660 mil, algo que pode gerar muita dor de cabeça para o PT.
Os sinais evidenciam que Lula pouco aprendeu com os erros do passado e, sequer, está atento ao movimento de opositores, mobilizados, nas ruas de todo país, ávidos por um vacilo. É verdade que não podemos falar em crime no caso do jatinho, já que Lula ainda não é presidente, mas diante da crise moral instalada nesse país, a partir do próprio governo do PT, o mínimo que se espera de Lula é uma postura mais decente.
Com a votação apertada nas urnas, a oposição nas ruas, conflitos com o mercado financeiro e o fantasma da corrupção rondando o governo eleito, o trauma dos piores tempos vividos na gestão do PT começam a perturbar o imaginário popular brasileiro. É bom corrigir rotas enquanto há tempo, sob pena de iniciar um governo natimorto.