O governador João Azevêdo (PSB) está passando férias em Liboa, em Portugal, mas deixou escapar uma pérola em conversa com o blog no dia da transmissão do cargo para o presidente do Tribunal de Justiça, Saulo Benevides, na última quarta-feira (13). Questionado sobre o trabalho do adversário Veneziano Vital do Rêgo (MDB) para oferecer palanque único ao ex-presidente Lula (PT), nas eleições deste ano, ele disse que “quem precisa de exclusividade é vendedor de automóvel”. O gestor tem oferecido espaço no palanque dele para o ex-presidente, mas diz não ligar com exclusividade.
A frase foi dita na mesma semana em que os senadores Veneziano e Nilda Gondim, mãe e filho, participaram da reunião dos senadores do MDB com o ex-presidente. Lula trabalha para ter à disposição os parlamentares emedebistas, principalmente os do Nordeste. Isso apesar de o partido ter mantido, ao menos por enquanto, a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à Presidência. Em entrevistas concedidas após o encontro, Nilda demonstrou otimismo em relação ao apoio do ex-presidente à campanha do filho. Ela fala, inclusive, na expectativa de palanque único.
A possibilidade existe, lógico, mas não é tão factível quanto Veneziano gostaria. Ele participou de várias reuniões com Lula e com o seu staff político. O apoio ao senador é, digamos, uma das prioridades do petista. Mas é bom que se diga: tradicionalmente, este é um cenário difícil de acontecer, principalmente quando levamos em consideração o fato de haver um governador buscando este alinhamento. João Azevêdo ainda deu um passo forte no sentido desta aliança, com a mudança de partido do Cidadania para o PSB. Os socialistas, vale lembrar, devem indicar o vice na chapa de Lula, com Geraldo Alckmin.
Se lembrarmos 2010, na Paraíba, vamos recordar que houve também uma disputa de dois candidatos pelo apoio do ex-presidente naquele ano. Na época, o então governador José Maranhão (já falecido) dava um braço para ter a imagem dele associada à do petista. O hoje ex-governador Ricardo Coutinho (PT) fazia o mesmo. Maranhão até conseguiu inserir a imagem do ex-presidente no guia eleitoral, mas Ricardo foi mais bem sucedido no pleito e foi eleito. O mesmo aconteceu em 2014, entre Ricardo Coutinho e Vital do Rêgo Filho. O primeiro apoiou Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno e se abraçou com os petistas no segundo.
A tendência, por isso, é de palanque duplo, mesmo que um deles venha a ser medianamente mais favorecido.
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