O Partido dos Trabalhadores decidiu nesta quinta-feira (24) aplicar a pena de suspensão a quatro dirigentes históricos da sigla, na Paraíba. Os militantes Anselmo Castilho, Josenilton Feitosa e Giucélia Figueiredo foram suspensos por 90 dias. Já o deputado estadual Anísio Maia não poderá participar das atividades partidárias pelos próximos seis meses. Os quatro tiveram processos julgados pelo Diretório Nacional do PT, a instância máxima do partido. Eles foram acusados de desrespeitar a determinação nacional da sigla, que impôs em 2020 o apoio à candidatura de Ricardo Coutinho (hoje no PT) a prefeito de João Pessoa.
Contrariando a orientação nacional do partido, o Diretório Municipal lançou a candidatura de Anísio Maia, que, assim como Ricardo, não conseguiu avançar para o segundo turno. Na votação, todos os diretorianos com direito a voto se posicionaram favoráveis a uma punição. A divergência era sobre a abrangência. Um grupo se posicionou favorável a que fosse dada apenas uma advertência pública, porém, venceu a determinação de suspensão dos quatro personagens que encamparam a candidatura de Anísio no pleito de 2020, contrariando a posição nacional. Foram 54 dos 85 votos possíveis para essa posição.
Com a decisão, pelo menos três dos quatro punidos devem deixar o partido. O deputado Anísio Maia, dono da maior punição, terá que mudar de sigla até o dia 2 de abril, prazo da janela partidária, caso deseje disputar as eleições deste ano. Até porque, punido, ele fica impedido de participar das reuniões que definem os nomes dos candidatos para as eleições deste ano. Ele tem defendido a reeleição do governador João Azevêdo (PSB), neste ano, enquanto a direção estadual lançou recentemente o nome do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) como nome apoiado pela sigla para a disputa.
O advogado Anselmo Castilho anunciou que vai deixar o PT. “O partido disse claramente (com a punição) que não aceita militância, não respeita história. Nos convidou a sair e eu aceitei”, disse, classificando o processo que resultou na punição dos quatro dirigentes como uma posição “falha e antiestatutária”. A posição dele é parecida com a de Josenilton Feitosa, que se mostrou bastante contrariado com o resultado da votação. “Devo ouvir algumas pessoas que me procuraram e decido até a semana que vem se deixo ou não o partido”, disse, dando pistas que a saída é o destino mais provável.
Procurada pelo blog, Giucélia Figueiredo não escondeu a contrariedade com a punição, apesar disso, deixou muito claro que não pretende abandonar a sigla. “Não saio do PT em hipótese alguma”, disse a militante histórica do partido, pedindo para que a frase fosse publicada entre aspas. Assim como Anselmo e Josenilton, ela tem quase 40 anos de militância no Partido dos Trabalhadores. Os militantes políticos punidos pelo partido atribuem a culpa a Ricardo Coutinho. “É bem o gênero dele. Onde chega provoca desagregação”, disse Castilho.
O presidente estadual do partido, Jackson Macedo, fez elogios à militância histórica de Anísio Maia, Giucélia Figueiredo, Josenilton Feitosa e Anselmo Castilho. Apesar disso, lamentou os fatos ocorridos em 2020 e o desfecho do processo. Ele entende que a movimentação de Anísio naquele ano foi gravíssima. Lembra que as decisões da Executiva Nacional foram desrespeitadas e eram decisões que todos conheciam. “É como você ter um time, entrar em um campeonato sabendo as regras e depois entrar na Justiça contra elas”, ressaltou.
A tendência é que as desfiliações ocorram até a semana que vem.