O tão polêmico e confuso “passaporte da vacina”, aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado pelo governador João Azevêdo, realmente, divide opiniões e os argumentos de ambos os lados têm fundamentos. Do ponto de vista sanitário, me parece que a ideia não tem muito cabimento.
Se o objetivo é frear a transmissão do vírus, o passaporte deveria ser exigido nos transportes coletivos, o que seria impraticável. Outra coisa: até o momento era permitido circular sem a exigência da vacinação e, a partir de agora, vai se exigir a imunização, em tese, de pessoas vacinadas com as duas doses para entrar em ambientes fechados. Isso não seria um retrocesso do ponto de vista econômico? Não iria reduzir a capacidade de público, principalmente, em estabelecimentos comerciais, já que pequena parcela da população está completamente imunizada.
Se o decreto do governador João Azevêdo for regulamentado com a exigência das duas doses, haverá uma seletividade que ao invés de ajudar a economia pode até prejudicá-la e, do ponto de vista sanitário, não teremos grandes impactos. Aliás, a Taxa de transmissão do vírus mostra que há um controle da pandemia na Paraiba e no Brasil. Nesse aspecto, o “passaporte” é uma “dose exagerada” para o “paciente” que está em franca recuperação.
Entretanto, se o objetivo da lei é pedagógica e estimulante para tentar convencer mais de 500 mil paraibanos que se vacinaram com apenas uma dose da vacina e que, por algum motivo, não completou o esquema vacinal, é passível de ser aceita. A exigência das duas doses deveria ser contada para essas pessoas. Além disso, campanhas educativas e a busca ativa desses paraibanos também seriam caminhos importantes.
Veja o comentário do jornalista Anderson Soares, na Rádio CPAD FM, de segunda a sexta, das 6h às 8h.