A forma republicana de gerir a administração pública tão presente na narrativa do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), como espécie de mantra, não passa de mais uma falácia retórica como fica demonstrada na mais nova denúncia oferecida pelo Ministério Público da Paraíba contra o socialista, no âmbito da Operação Calvário . No discurso, Ricardo vendeu uma ‘nova forma de fazer política’. Na prática, segundo as provas apresentadas, através de troca de mensagens, o ex-governador revela seu lado patrimonialista, clientelista e os meios mais subversivos de obter apoio político, através da contratação de servidores codificados, sem nenhuma vínculo empregatício com o Estado.
Ricardo arregimentou uma verdadeira militância de codificados. Os cargos passavam pela exigente avaliação do ex-governador, segundo os critérios políticos, ideológicos e eleitorais. Em um trecho de uma conversa, Coutinho diz que as vagas nas escolas estaduais deveriam ser preenchidas pela militância, muitas vezes, sem levar em consideração qualquer tipo de qualificação. Aliás, o socialista chega a reconhecer que alguns indicados não tinham a menor competência de assumir determinados cargos, mesmo assim, a nomeação foi autorizada. Em outro trecho, o ex-governador destaca que a ocupação de vagas no Hospital Metropolitano, em Santa Rita, deveria ser dividida com vereadores, deputados e lideranças políticas.
Segundo o MPPB, Ricardo cometeu uma espécie de pedalada fiscal, ou seja, nomeava aliados políticos como codificados para burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), usando, inclusive, as Organizações Sociais. A estratégia é admitida pelo próprio socialista em trechos das mensagens. O prejuízo aos cofres públicos, de acordo com o MP, chega a quase R$ 6 bilhões, no período de 2011 a 2017. O órgão pede o ressarcimento de R$ 215 milhões pelos danos causados. A peça, de 58 paginas, revela o absoluto controle, aparelhamento do Estado, manipulação política e uso da máquina pública em favor de Coutinho. Isso ajuda a compreender os sucessivos êxitos eleitorais do socialista e também a desnudar a imagem “messiânica” criada pelo próprio socialista.