O coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, Octávio Paulo Neto, falou nesta terça-feira (1ª) sobre o caminho para o enfrentamento das organizações criminosas. A conclusão dele é que os órgãos de persecução criminal só obterão sucesso no combate à corrupção se deixarem a zona de conforto. “O Ministério Público só vai vencer os desafios no combate às organizações criminosas, se perceber que precisa sair do contexto de ‘gabinete’ e buscar a heterogeneidade dos múltiplos conhecimentos”.
A análise foi feita durante webinário promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O tema da abordagem é “Investigação criminal e formação da prova nos crimes praticados no âmbito das organizações criminosas”. O evento é destinado a membros do Ministério Público, operadores do direito e interessados no assunto. O evento foi mediado pelo conselheiro nacional e coordenador da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), Luciano Freire, que destacou a complexidade do problema, uma vez que, dados policiais apontam a existência de 70 facções criminosas atuando no País.
Em sua palestra, Octávio Paulo Neto, que também é coordenador do Núcleo de Gestão do Conhecimento e Segurança Institucional (NGCSI/MPPB), falou sobre a complexidade das investigações no mundo informacional e do impacto dos avanços tecnológicos na sociedade. “Vivemos na era da informação, onde não há fronteiras e em que uma organização criminosa pode atuar em vários lugares e países. Uma das coisas mais críticas é que estamos sendo instados a agir na urgência e a decidir na incerteza”, problematizou.
Além de abordar teorias e conceitos da Ciência de Dados, o representante do MPPB enfatizou a importância da estratégia, do pensamento efetual (capacidade criativa e inovadora de implementar soluções a um problema), de se agir em rede e de se buscar a interdisciplinaridade nas investigações contra a criminalidade organizada. “É preciso adotar estratégias para que tenhamos uma tomada de decisão mais assertiva e resolutiva. Precisamos iniciar as investigações com a cabeça vazia para evitar vieses, inclusive o probatório. Às vezes, o confronto às organizações criminosas requer a persecução patrimonial. Precisamos entender meios diferentes de abordar o problema, que instrumentos legítimos e estratégias vamos adotar. O uso da Ciência de Dados, com a tecnologia e a cultura resulta em mais assertividade nas decisões”, defendeu.
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