Quero acreditar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não compactua com a excrescência do Plano Nacional de Imunização (PNI), que prioriza a vacinação dos presos em detrimento de professores, motoristas e outros profissionais que correm grande risco de contaminação. Não acredito que Bolsonaro, que sempre criticou os direitos humanos pela defesa intransigente de privilégios da população carcerária, concorde que a vida do detento tenha mais importância do que a de um professor.
Não há nenhuma lógica nessa prioridade de imunização. Os profissionais da educação devem ser prioridade máxima em qualquer plano de vacinação. Um governo que enfatiza tanto a volta das atividades produtivas do país, jamais poderia permitir que presos tivessem o privilégio de ser vacinados na frente de professores, motorista, da classe trabalhadora em geral. Afinal, os cidadãos que contribuem para o desenvolvimento desse país não escolherem essa situação em que se encontram. Precisam ser vacinados para um retorno com segurança.
Aqui não cabe “mi mi mi” nesse debate. Ele é lógico e justo. É lógico porque do ponto de vista técnico, o que mais promove a contaminação pelo coronavírus, segundo os especialistas, é a mobilidade urbana. Obviamente, os presos não tem essa mobilidade, já que estão privados de liberdade. Basta controlar a entrada e saída para evitar proliferação do vírus. O que não se pode admitir é que os cidadãos sejam colocados em segundo plano enquanto a população carcerária recebe tratamento privilegiado. Defendo a humanização e direitos à vacina para todos. Porém, não há vacinas suficientes. Como tem que escolher os grupos prioritários, fico com a vida dos professores e da classe trabalhadora em geral. O Governo Federal precisa rever essa injustiça.