Sou evangélico e, em nenhum momento, me senti ofendido com as palavras do secretário de Saúde de João Pessoa, Fábio Rocha, sobre o comportamento de determinadas igrejas evangélicas que, de certa forma, contribuem para a disseminação do vírus. Pelo simples fato de não me encaixar no perfil aludido por Fábio. Refuto a forma generalizada, desproporcional e desrespeitosa do discurso do secretário. Extrapolou o limite do bom senso e do equilíbrio, requisitos esperados de todo gestor público. Errou na forma (deve se retratar), mas não errou no mérito.
A fala, no entanto, revela um fato incontestável: algumas igrejas evangélicas estão, sim, desrespeitando todos os protocolos de combate à Covid-19. As redes sociais estão aí para provar o flagrante descumprimento das regras sanitárias. Igrejas superlotadas, com a maioria das pessoas sem, sequer, usar máscaras. Um descalabro, um desrespeito, falta de compaixão, de empatia com o próximo, e porque não dizer, atitudes incompatíveis com os ensinamentos bíblicos. As escrituras nos ordenam obedecer as autoridades (Romanos 3:1 e 2). As igrejas que estão desrespeitando os decretos estabelecidos pelas autoridades transgridem as leis dos homens e a palavra de Deus.
É importante ressaltar que, apesar de infeliz, o discurso do secretário não caracteriza nenhum tipo de perseguição aos evangélicos, como muitos líderes vociferam nas redes sociais. O ataque foi direcionado às igrejas evangélicas porque, de fato, infelizmente, são as que têm dado mau exemplo e fazem questão de publicizar nas redes sociais a má conduta, numa espécie de afronta inconsciente ou até mesmo consciente. A igreja de Cristo deve ser exemplo na terra, deve ser sal e luz como ensina Jesus. É inegável o papel da igreja, sobretudo, no cenário de pandemia. Porém, não custa nada obedecer “as regras do jogo” e viver em paz com os homens. (Romanos 12:18).