O governador João Azevêdo (Cidadania) não poupou críticas, nesta quarta-feira (21), à postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de não comprar as 46 milhões de doses da vacina chinesa contra o novo Coronavírus. “É a pequenez da política e que não deveria existir”, disse o gestor, sem esconder o descontentamento. A negativa do presidente foi manifestada a ministros e apoiadores. Estes últimos através das redes sociais.
A decisão de Bolsonaro ocorre menos de 24 horas após o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciar a compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instiuto Butatan. Essa era a única possibilidade, reforça Azevêdo, de a vacina começar a chegar em janeiro. O compromisso foi assumido diante dos governadores de todos os estados.
“Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19”, teria dito aos ministros, por meio de mensagem, o presidente, de acordo com o site Poder360. O presidente e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), são desafetos políticos. Dória também gravou vídeo há pouco com críticas ao presidente.
João Azevêdo lembrou que o Instituto Butatan é o responsável por grande parte das vacinas brasileiras. “É o problema de politizar questões técnicas. Estamos voltando, com o atual ministro, ao patamar do início da pandemia. Naquela época, o presidente foi por um lado e os governadores por outro, para salvar a vida das pessoas”, disse o governador paraibano, classificando o episódio de lamentável.
“A vacina não tem partido, não tem país. O próprio general Pazuello ressaltou durante a entrevista coletiva que mesmo as vacinas desenvolvidas nos Estados Unidos serão finalizadas na China. Não existe isso”, disse Azevêdo. A CoronaVac garantiria a chegada de 46 milhões de doses até dezembro, o que faria com que as primeiras vacinas fossem aplicadas em janeiro.
Antes do anúncio desta terça-feira, a previsão do ministério era ter 140 milhões de doses no primeiro semestre de 2021:
- 40 milhões via iniciativa COVAX Facility, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
- 100 milhões de doses via AstraZeneca/Oxford (além dessas doses, no segundo semestre, o governo pretende produzir 165 milhões de doses deste imunizante).
Agora, o Ministério da Saúde afirmou que “somadas, as três vacinas AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac representam 186 milhões de doses, a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021”.
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