Diversas pessoas que ajudaram o músico Matheus Alexandre Bezerra Cirne, conhecido como Matheus Brisa, durante uma campanha virtual para custear o tratamento de um suposto câncer do artista, deram entrada em uma Notícia Crime junto a Delegacia das Defraudações.
O fato envolvendo o músico ganhou muita repercussão devido a suspeita de que o artista teria dado um calote após gravar um vídeo dizendo que estava com um tipo raro de câncer para comover as pessoas e arrecadar R$ 24 mil com uma vaquinha virtual.
O músico, que raspou a cabeça e chegou a se internar no Hospital Napoleão Laureano, se dizendo ter “Linfoma de Hodgkin” contou com a ajuda de gente como a cantora Elba Ramalho, além de artistas locais como Ramom Schnayder, Polyana Resende, Nathália Bellar, Myra Maya, entre outros. Após exames, ficou comprovado que Matheus tinha uma gastrite e uma cicatriz de úlcera e não câncer. Mesmo assim, o artista nunca prestou contas dos valores arrecadadas na plataforma e nas contas bancárias, tampouco devolveu ao Hospital Napoleão Laureano.
Informações dão conta que com o dinheiro ele teria comprado uma moto avaliada em R$ 6 mil e um smartphone. A situação causou revolta nas redes sociais e o músico começou a ser criticado. Boletins de ocorrência já foram registrados através do site na Polícia Civil em João Pessoa e agora uma Notícia Crime foi apresentada através dos advogados que represetam as vítimas.
O que diz Matheus: em um vídeo gravado, o músico negou que tenha dado calote nas pessoas e que soube há pouco tempo que não tinha câncer, mas uma pangastrite. Sobre a moto, ele falou que pertence a irmã. Matheus ainda garantiu que vai doar o dinheiro arrecadado, possivelmente, para o Hospital Laureano.
Responsáveis pela Notícia Crime, os advogados Luiz Pereira e Rômulo Oliveira avaliaram a situação:
“Esse tipo de golpe utilizando campanhas de Crowdfunding tem sido cada vez mais comum. Cria-se uma narrativa e busca-se um meio virtual para as pessoas colaborarem. Foi exatamente o que fez o senhor Matheus, ao se valer de uma requisição de exame para construir a narrativa de que já possuia o diagnóstico de uma doença grave. Agindo de maneira estruturada, ele postou um vídeo, no dia seguinte foi para o hospital, raspou o cabelo, ou seja, todas as ações que ele praticou tinham o objetivo ludibriar as pessoas acerca da sua situação para depois auferir vantagem de forma ilícita. Esse tipo de conduta precisa ser investigada para que não se torne um hábito, tampouco abale a confiança das pessoas que ajudam no combate ao câncer”, analisou Dr Rômulo Oliveira.
Para o doutor Luiz Pereira, o crime de estelionato está configurado:
“É preciso que atentemos para núcleo central do art, 171 do Código Penal, ‘obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artificio, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento’. Foi exatamente o que fez o senhor Matheus ao construir falsa narrativa estruturada para enganar as pessoas e encontrar um meio virtual, como a Vakinha, para arrecadar valores de maneira ilícita. A justificativa que ele apresenta agora, acompanhada da promessa de devolução do dinheiro só corroboram com a tese de que ele praticou o crime e tenta encontrar uma maneira de se esquivar ou atenuar a gravidade do que ele provocou: prejuízo financeiro e a imagem das pessoas que o ajudaram. A investigação e o posterior indiciamento terão papeis pedagógicos na proteção da causa do combate ao câncer”, finalizou o criminalista.
A Notícia-Crime já está nas mãos do Delegado Gustavo Carleto, titular da delegacia especializada.