O mundo realmente gira e dá muitos voltas. Depois de sair extremamente fortalecido das eleições de 2018, elegendo o sucessor, um senador, um deputado federal e a maior bancada na Assembleia Legislativa, o ex-governador, Ricardo Coutinho, se sentia um semideus. Admirado, respeitado por muitos e temido por outros.
O fato é que mal deixou entregou a faixa de governador, as investigações envolvendo seu nome começaram a surgir com poder avassalador. A cada nova fase da Operação Calvário, mais ficava evidente o envolvimento de Ricardo com os desvios de recursos da Saúde e Educação. Até que dezembro chegou e ele foi preso, acusado de ser o chefe do maior esquema de corrupção da Paraíba.
Logo ele, que construiu toda carreira pública destruindo reputações. Foi assim com o ex-prefeito Cícero Lucena, preso na Operação Confraria e, recentemente, inocentado das acusações e com Cássio Cunha Lima, este a última vítima do predador Coutinho, para ficar apenas nesses dois exemplos. Paladino da moralidade, o socialista “tratorou” aqueles que ousaram atravessar seu caminho.
Ricardo, porém, menosprezou a lei do retorno ou da semeadura. Achando-se imortal, jamais imaginava chegar a situação humilhante em que se encontra: com estigma de ex-presidiário e tornozeleira eletrônica na canela. Fiz esse preâmbulo para destacar a decadência moral, política e retórica do ex-governador que deixou o governo com recorde de aprovação popular, algo que girava em torno de 80%.
Para tentar sair do ostracismo e amenizar o impacto da prisão em sua imagem, o socialista decidiu promover lives nas redes sociais para fazer análises do governo de João Azevêdo e Bolsonaro, principalmente, na área da saúde. Não poderia ter escolhido tema pior para os impropérios. Desacreditado, de cara, a audiência do ex-governador já se mostrou um fracasso de público, o que já era de esperar. Além disso, o Público reagiu com críticas avassaladoras, o que levou Ricardo a retirá-las. Ninguém engolia mais as hipocrisias de Ricardo e o paradoxo entre discurso e prática. Logo ele, acusado de desviar R$ 134 milhões da Saúde e Educação dos paraibanos. eram avassaladores
Insistente, o ex-socialista decidiu continuar com críticas às medidas de Bolsonaro e de João. O resultado foi visto, ontem, numa Live que realizou com economistas do sul do país para falar sobre o cenário econômico. Apenas 26 expectadores assistindo a Live. Isso mesmo. O homem que tinha o poder enigmático de hipnotizar multidões, hoje, não fala para praticamente ninguém. Um vexame. Tudo isso porque não reconhece que o discurso mais eloquente, nesse momento, é o silêncio.