Ao negociar cargos com o centrão e até a “cabeça” do chefe da Polícia Federal, Maurício Valeixo (homem que recepcionou Lula na Superintendência da PF em Curitiba), para atender pedidos da velha política, tão criticada por Bolsonaro nas manifestações de domingo, o presidente entra num labirinto que, certamente, trará prejuízos para imagem construída de intolerância à corrupção. Trocar Roberto Jeferson e Valdemar Costa Neto, ícones do escândalo do Mensalão por Sérgio Moro, certamente, abalará a estrutura dessa narrativa que levou Bolsonaro ao poder e ainda o mantém com índices consideráveis de aprovação.
Ficar refém desse grupo em nome da governabilidade, é desrespeitar ou trair 57 milhões de brasileiros que acreditaram que estava elegendo Bolsonaro para quebrar as velhas relações fisiológicas entre Poder Executivo e Legislativo. O presidente já quebrou paradigmas ao aprovar a maior e mais importante reforma do país, a da Previdência, sem se render ao famoso toma lá, dá cá.
A história recente da política brasileira mostrou que acordos com a velha política, é como transitar em areia movediça. Em princípio, temos aquela sensação de segurança, mas o final não é o esperado. Não que seja errado formar um governo de coalizão. Porém, no caso especifico, é um estelionato eleitoral, já que Bolsonaro combateu, duramente, essa prática na disputa eleitoral. O fato é que Bolsonaro está diante da escolha de Sofia. Há perdas e riscos em qualquer que for a decisão, entretanto, manter-se fiel ao eleitorado poderia ser a melhor opção. Se, realmente, deixar o governo, Sérgio Moro pode ser tornar o principal concorrente do capitão em 2022. Discurso ele terá na ponta da língua para desconstruí-lo.