Não havia me posicionado contrário às manifestações de grupos aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), até o momento em que foram às ruas protestar contra as medidas de isolamento social, apesar de contrariar decretos municipal e estadual. Porém, não posso me omitir diante da pauta levada às ruas de todo o país, onde militantes pediam intervenção militar e o retorno do AI-5, ato institucional que fulmina a democracia.
Não posso concordar com um ato que fere a liberdade de expressão, o debate das ideias e o fechamento de um poder, democraticamente, escolhido pelo voto popular. A defesa de tais teses é insana. A democracia, com todas as suas falhas, é de longe, o melhor regime político. Devemos aperfeiçoá-la cada vez mais com a participação popular, jamais pelo autoritarismo. Seria retroceder a um cenário já conhecido de nossa história.
Foi de forma democrática, que Bolsonaro chegou ao poder, por isso, tem a obrigação de governar o país de forma republicana, patriótica e respeitando as instituições. Compreendo as dificuldades que tem de promover as mudanças prometidas em campanha, diante de um congresso viciado, fisiológico e anti-republicano. Como disse o presidente, em seu discurso, durante protesto, em Brasília, neste domingo (19), não há mais espaço para velha política no país.
Não há de se tolerar a atitude do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, que por interesses contrariados, desconfigurou o Plano Mansueto (socorro aos estados com problemas fiscais), por oportunismo e revanchismo político. É Inaceitável. Porém, não se avança na luta contra a velha política flertando com práticas autoritárias, que geraram traumas em nossa recente história política. Faço minhas as palavras do presidente: “é preciso manter nossa democracia e nossa liberdade”. Ditadura, AI-5 e retrocesso, jamais!