Ao quebrar o silêncio sobre as denúncias da Operação Calvário, o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), surpreendeu ao trazer para o epicentro da Calvário, o fiel escudeiro e um de seus principais aliados, Luís Torres, ex-secretário de Comunicação do Estado (SECOM), que blindou o gestão de Ricardo com mão de ferro e defenestrou da mídia tradicional todos os jornalistas que não compactuavam com a Orcrim girassol. Torres era uma espécie de Joseph Goebbels de Ricardo Coutinho.
Ao se defender das acusações do Gaeco sobre anotações apreendidas em sua agenda, na qual estava escrito supostos pagamentos de propina para o radialista Fabiano Gomes e para Luís Torres, o ex-governador insinuou que o ex-secretário de Comunicação estaria desviando recursos públicos na locação de palcos para eventos do governo. Segundo Ricardo, as anotações se referiam a esses supostos superfaturamentos na SECOM. Revelação bombástica de um ex-governador sobre seu ex-porta-voz.
O socialista deixou claro que não vai poupar aqueles que usufruíram do “projeto” e, agora, tentam se desvencilhar do coletivo girassol. “ninguém solta a mão de ninguém”, ameaçou o ex-governador. Nos bastidores, a informação é que Coutinho estaria irritado com o comportamento de Torres no Rádio e TV, que adotou a postura de Pôncio Pilatos, lavando as mãos para não se contaminar com a Orcrim girassol. A gota d’água teria sido o deboche de Luís com marchinhas de carnaval sobre a Calvário. Atingiu a jugular de Ricardo.
Partindo do pressuposto de que as declarações de Ricardo são verdadeiras, o ex-governador termina confessando, conscientemente ou não, que cometeu o crime de prevaricação. Tomou conhecimento de um suposto crime praticado na Secom, por um aliado da extrema confiança, e não tomou providências. Além de não tomar providências, Torres ganhou papel de destaque até o final do governo de Ricardo. Vou além: a permanência do jornalista na Secom, no governo de João, foi pedido pessoal do socialista.
Diante do fato gravíssimo narrado pelo ex-governador, primeiro: é importante aguardar a manifestação do ex-secretário Luís Torres, que até agora, não comentou o assunto. Preferiu o silêncio, por questão estratégica ou por medo do que Ricardo ainda pode revelar. Segundo: o ex-governador instiga e se coloca à disposição do Gaeco para detalhar, na justiça, tudo o que sabe, numa espécie de colaboração com a justiça. Por fim, é esperar como o Gaeco vai reagir às provocações e revelações do ex-governador. Uma coisa é certa: o juízo final será o início de uma nova era.