Sérgio Cabral afirma ter indicado o advogado Tiago Cedraz para atuar em favor de Orlando Diniz nos processos a que ele respondia no Tribunal de Contas da União, o TCU. Tiago é filho de Aroldo Cedraz, ministro da corte e ex-presidente do tribunal. As informações prestadas por Cabral sobre Cedraz também se relacionam à disputa travada entre Diniz e a CNC. Como revelou a revista CRUSOE
Em proposta de delação entregue ao Ministério Público Federal, o próprio Diniz já havia relatado a atuação do ex-governador emedebista na contratação do advogado e na defesa dos interesses da Fecomércio junto ao TCU. Em um dos capítulos, ele detalhou as negociações para a contratação de Cedraz e sua atuação junto ao pai no tribunal o relato é similar ao que Cabral apresenta em sua delação. O contrato, firmado após o próprio ex-governador participar das tratativas, rendeu 13 milhões de reais ao filho do ministro do TCU. Sérgio Cabral afirma que os repasses milionários da Fecomércio ao escritório de Tiago Cedraz eram uma forma de garantir o apoio de seu pai, Aroldo, nos processos que corriam no tribunal e preocupavam Orlando Diniz.
Sérgio Cabral também afirma em seu acordo de colaboração ter mantido reuniões com o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União. Os encontros teriam sido registrados em agendas do político e, segundo ele, igualmente estão relacionados ao esforço para ajudar Orlando Diniz na disputa pelo comando da milionária Fecomércio. O ex-governador afirma que Bruno Dantas e outro ministro, Vital do Rêgo, passaram a receber pagamentos mensais de Diniz para “proteger” a entidade nos processos em curso na corte. Ligado no passado a Renan Calheiros, Dantas é visto como um dos principais adversários da Lava Jato no Tribunal de Contas. Foi dele, por exemplo, a ordem para que fosse feita uma devassa na Receita Federal após o vazamento de informação sobre investigações fiscais contra agentes públicos, entre eles, familiares e ministros de cortes superiores. Vital do Rêgo, por sua vez, foi citado em outros acordos de colaboração na Lava Jato e virou alvo de investigação na Procuradoria-Geral da República. Uma delas, sobre o suposto recebimento de propina à época em que era senador, foi arquivada pelo Supremo. Mais recentemente, em novembro de 2019, o ministro foi intimado a depor em uma investigação sobre pagamentos de propina pela JBS.