Um trecho da delação premiada do lobista da Cruz Vermelha, Daniel Gomes, coloca por terra o discurso “republicano” do ex-governador Ricardo Coutinho, que conquistou mentes e corações dos paraibanos. Na teoria, o ex-governador teria exterminado a prática da velha política em relação a loteamento de cargos no governo, mas segundo o delator, a prática era mais forte do que nunca na gestão do PSB. Daniel afirmou que as contratações nos hospitais administrados pela Cruz Vermelha e IPCEP eram com base em indicações políticas.
“A contratação com base em indicação política prejudicou o regular funcionamento dos hospitais não somente pela desqualificação técnica da mão de obra, mas também, por vezes, pela ausência de idoneidade de determinados colaboradores indicados e contratados sem qualquer avaliação. Diante da impossibilidade de restabelecer um processo seletivo baseado em critérios técnicos e visando a melhoria no padrão de atendimento das unidades hospitalares, implementei cursos de treinamento avançado de pessoal nas OSS que operava, o que acabou gerando um aumento da custos da gestão das unidades e consequentemente desvios”, diz um trecho da delação.
Alem das indicações políticas para preenchimento de cargos, o que é grave, Daniel Gomes afirmou ainda, que pacientes indicados por aliados políticos do governador tinham prioridade nos atendimentos e realização de exames médicos médicos nas unidades hospitalares. “Outra prática comum do governo Ricardo Coutinho era a determinação de atendimento e realização de exames médicos prioritários a determinados pacientes indicados por seu grupo político. De fato, me recordo que a secretaria do Hospital de Trauma de João Pessoa possuía uma lista de pessoas que eram atendidas por demandas de políticos da base do governo”, destacou Gomes.
Veja trechos da delação: