A “misteriosa” convocação de João Azevêdo (PSB) para encontro com os secretários estaduais tem provocado especulações diversas. De um lado, os adeptos do separatismo dizem que o gestor vai cobrar fidelidade da equipe. Quem revelar maior proximidade com o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) terá a porta de saída como serventia da casa. Azevêdo vem recebendo cobranças de governistas para “desarmar bombas” no governo, retirando ricardistas da gestão.
As pressões vêm principalmente da base governista na Assembleia Legislativa, mas encontram eco entre secretários mais próximos. Azevêdo manteve, na gestão, mais de 90% do secretariado de Ricardo Coutinho. Alguns deles foram mantidos por pressão do socialista. Mesmo os que agora são apontados como responsáveis pelo afastamento de João do padrinho político. O exemplo típico é o do secretário de Comunicação, Nonato Bandeira.
O tensionamento entre os socialistas é explicitado nas brigas pelo comando do partido, mas tem como termômetro a operação Calvário, desencadeada no ano passado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba. Dizem os mais próximos a João Azevêdo que ele coloca as investigações na conta de herança maldita deixada pelo ex-governador.
Três secretários estaduais caíram em meio a desdobramentos da operação, além de outros servidores públicos supostamente envolvidos no esquema de corrupção e recebimento de propinas. O ponto inicial foi a relação da Cruz Vermelha Brasileira com o governo estadual, através da prestação de serviços no Hospital de Trauma de João Pessoa. Depois, outros desdobramentos da operação atingiram outras áreas do governo e até da prefeitura de João Pessoa, relacionadas a gestões socialistas.
A convocação “misteriosa”, invariavelmente, visa blindar a equipe das pressões externas e cobrar a execução dos programas estaduais. Esse, inegavelmente, será um ponto discutido. Todos os outros, acreditam governistas, têm a ver com a busca de fidelidade. Para estes observadores, o Diário Oficial do Estado (DOE) terá muito trabalho antes de, efetivamente, existir um governo com a cara de João.
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