Até a quarta fase da Operação Calvário, poderíamos argumentar com total convicção que o governador João Azevêdo (PSB) passava incólume diante do tsunami provocado pela Operação Calvário na gestão do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). De fato, não havia nada que ligasse, diretamente, João à operação. Nem as prisões de secretários de Estado, já que todos eram ligados ao ex-governador Ricardo Coutinho (PSB)
A partir da quinta fase, as coisas começam a mudar de rumo. O diretor do Hospital Regional de Mamanguape está entre os presos na operação de hoje. Vale destacar que o Hospital é administrado pelo IPCEP (Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional), organização Social, acusado nas fases anteriores da Calvário, de desviar recursos da saúde do Estado, juntamente com a Cruz Vermelha. João Azevêdo cancelou o contrato com a Cruz Vermelha, mas renovou com o IPCEP, em julho. O instituto é ligado ao empresário Daniel Gomes, chefe da Organização Criminosa (orcrim), segundo o Ministério Público.
A verdade é que o fato pode não ter nenhuma ligação direta com o governador, mas a falta de atitude em romper com a Organização Social, mesmo depois das denúncias da Operação Calvário, deixa um questionamento no ar: se João não tem nenhuma ligação com a orcrim, qual a dificuldade em romper com o instituto que está no centro dos escândalos de corrupção?
As próximas decisões de João ou a ausência delas vão revelar se o governador pecou por omissão ou se realmente é refém da Orcrim girassol. O posicionamento diante dos secretários de seu governo, um preso e o outro alvo de busca e apreensão, dirá muito também, se de fato, o governador vai cortar o cordão umbilical do ex-governador Ricardo Coutinho, sob pena de associar a imagem de seu governo aos escândalos praticados na gestão do seu antecessor.