A reunião do PSB nacional, que terminou com a decisão de fechar questão contra a reforma da Previdência, pode até nem parecer, mas tende a gerar forte impacto na política da Paraíba. Na verdade, gera a formação de escuras nuvens sobre o futuro do governador João Azevedo, com a perspectiva de sérios embaraços.
Pior é que a grave tempestade que começa a se formar no caminho do governador está sendo soprada exatamente pelo aliado, o ex-governador Ricardo Coutinho, um dos dirigentes do PSB que levou o partido a fechar questão contra a reforma em tramitação no Congresso Nacional.
O governador João Azevedo começou contra a reforma, mas depois passou a defender a inclusão dos Estados no projeto de Brasília, uma vez que constatou, em determinado momento, que a previdência da Paraíba é também um grave problema para o governo.
Pelos números do governo do Estado, somente este ano o déficit da previdência na Paraíba pode chegar a R$ 3,5 bilhões. A previsão é de um rombo de R$ 10 bilhões até o final do mandato de João Azevedo, no início de 2023.
O déficit da Previdência certamente vai causar transtornos ao governo da Paraíba, gerando desequilíbrio financeiro e atingindo investimentos e o funcionalismo público.
A pergunta que se atravessa é a seguinte: João Azevedo vai fazer a reforma da Previdência na Paraíba para amenizar os problemas ou vai deixar como se encontra, fechando ano a ano com déficit de bilhões e empurrando o Estado para o buraco?
Vejam só a situação na qual o ex-governador Ricardo Coutinho meteu João Azevedo: se ele manda projeto de reforma para a Assembleia, baterá de frente com o PSB e provavelmente terá a oposição radical do próprio ex-governador e aliados no Estado; se, ao contrário, segue a cartilha do ex e do PSB nacional, vai enfrentar dificuldades financeiras e provavelmente terá um governo muito prejudicado.
A situação que desenha é extremamente complicada para o governador João Azevedo. Haverá quem não acredite, mas os que conhecem o jogo do ex-governador Ricardo Coutinho são capazes de apostar que ele tramou para meter o atual governador em enrascada. Seriam dois os objetivos: em dificuldades, João precisará de apoio, ficando sob seu comando, e, em última instância, com gestão fracassada, Ricardo voltaria a se credenciar como candidato a governador.
O pior é que o ex-governador Ricardo Coutinho sabe da gravidade da situação da Previdência da Paraíba. Há alguns anos, Ricardo usou um saldo que havia de mais de R$ 80 milhões para complementar o pagamento de servidores.