Enquanto na Paraíba houve uma estagnada nas investigações da Operação Calvário, no Rio de Janeiro, estado onde os escândalos de corrupção na saúde pública foi descoberto, a situação é bem diferente. Além da prisão dos grandes figurões da Cruz Vermelha, o processo por lá anda bem adiantado, inclusive, com data marcada para julgamento de algumas peças importantes do esquema criminoso, como é o caso do empresário carioca, Roberto Kremser Calmon, preso em um hotel de luxo na Orla de João Pessoa, durante a 1ª fase da Operação Calvário, no dia 14 de dezembro de 2018. Calmon passou quatro meses preso no 5º Batalhão de Polícia Militar, no Valentina de Figueiredo de onde foi transferido para um presídio na capital carioca. Ele tem audiência de instrução e julgamento marcada para o dia 26 de julho, no Rio de Janeiro.
Foi a partir da prisão do empresário carioca, de Daniel Gomes da Silva, responsável pela Cruz Vermelha no Brasil e comandante da organização criminosa e a secretária dele, Michele Cardoso, que o Ministério Público do Rio de Janeiro em conjunto com o Gaeco da Paraíba descobriram a participação de Leandro Nunes, Livânia Farias e outras autoridades da Paraíba na Orcrim. Roberto Calmon, braço direito de Daniel Gomes, era um dos tentáculos do esquema criminosa na Paraíba. Segundo as investigações, ele era o responsável por resolver problemas relativos à Cruz Vermelha no Estado. O julgamento ganha relevância e pode desencadear fatos novos sobre as investigações da Operação Calvário na Paraíba.
Um dos pontos apurados na operação no RJ diz respeito a doações de campanha feitos a políticos. Na Paraíba, oito meses antes de a Cruz Vermelha Brasileira Filial do Estado do Rio Grande do Sul ser contratada pelo governo para assumir a gestão do Hospital Estadual de Trauma de João Pessoa, um parente de Daniel Gomes da Silva ofereceu generosa contribuição de campanha para o então candidato Ricardo Vieira Coutinho (PSB), em 2010. De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a contribuição foi de R$ 300 mil. Ela foi feita por Jaime Gomes da Silva, irmão de David Gomes da Silva, e, portanto, tio paterno de Daniel. O detalhe é que Jaime é português e nunca possuiu domicílio eleitoral na Paraíba.
De acordo com a denúncia apresentada à Justiça, a organização comandada por Daniel Gomes da Silva utilizava a filial da Cruz Vermelha Brasileira situada no Rio Grande do Sul para operar em diversos estados, inclusive, no Hospital de Trauma, em João Pessoa. Superfaturavam contratos e desviavam recursos. Entre 2011 e 2018, as entidades tiveram acesso a mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos para a gestão do Trauma. Foi apurado que a organização direcionava contratações de serviços, realizava pagamentos superfaturados para empresas pré-selecionadas e repassava valores correspondentes ao superfaturamento para Daniel Gomes da Silva, em espécie, por meio de funcionários de confiança. Segundo as investigações, na Paraíba, o dinheiro era repassado a Leandro Nunes, nas famosas caixas de vinho, que alimentava a organização criminosamente no Estado.