Não é torcida da oposição como diriam alguns socialistas. A iminência do rompimento entre o Ricardo Coutinho e João Azevêdo é fato consumado. Nos bastidores, já se percebia essa movimentação. Com a entrevista de Ricardo concedida ao jornalista Wellington Farias, veio a público todo descontentamento, distanciamento e esfriamento da relação. O ex-governador fez questão de evidenciar isso.
Insatisfeito com o comportamento de João diante das denúncias da Operação Calvário, Ricardo esperava uma postura mais “agressiva” do governador, pois crê que Azevêdo também pode ser, inevitavelmente, atingido com o avanço das investigações, já que a Calvário está ligada a denúncias de uso do dinheiro da corrupção na campanha de 2018. Além disso, Coutinho demonstrou profunda insatisfação e cobrou, publicamente, um comportamento mais agressivo de Azevêdo em relação ao G-10, grupo de deputados que não aceitam subordinação a Ricardo. Mas a gota d’água foi o reajuste do duodécimo concedido, por João, aos poderes. A conduta colocou em xeque o discurso do ex-governador de que o Estado estava em dificuldades financeiras, razão pela qual não atualizava o repasse do duodécimo.
Essa sequência de fatos gerou um profundo distanciamento entre os dois. O próprio Ricardo revelou, em entrevista, que não é procurado por João para opinar sobre as decisões administrativas da gestão estadual. “Ele (Ricardo) esperava continuar governando o Estado. Achava que João seria submisso. O governador aceitou as indicações de Ricardo, quase que 100%. Depois resolveu governar com autonomia e imprimir a sua marca”, disse uma fonte privilegiada.
Magoado, chateado e se sentido traído, Ricardo cria o cenário para o rompimento, mas aguarda atitude de João nessa direção. É que, estrategicamente, o socialista espera construir a narrativa de vitimização, com objetivo de expor a “ingratidão” do atual governador e se tornar o grande opositor ao atual modelo de gestão, extremamente danoso ao “projeto”.
João também teria motivos para estar irritado com Ricardo. Um deles seria a forma como aliados de Ricardo se compararem em relação aos números do instituo Opinião que avaliaram a aprovação dos seis meses de governo. Para os aliados de Azevêdo deram ênfase à liderança do ex-governador do que a aprovação do governo. Essa comportamento foi reprovado. “Nós próximos dias teremos fatos que vão evidenciar o rompimento entre eles”, garantiu a fonte.