Quem andou pelos corredores do Judiciário paraibano, nesta semana, certamente ouviu muito sobre a operação Xeque-Mate. Em meio a movimentações de advogados para tentar o relaxamento das prisões do ex-prefeito de Cabedelo, Leto Viana, e outros quatro réus, muito se falou da situação do empresário Roberto Santiago. Há quem diga, e até aposte, que há uma movimentação sólida de pessoas próximas a ele para convencê-lo a colaborar com a Justiça. O entendimento é que, sem isso, dificilmente o empresário conseguirá deixar a prisão. E por um motivo simples: todos os que buscaram algum nível de acordo de delação premiada até o momento apontaram o empresário como um dos “cabeças” da organização criminosa. Leto, por exemplo, mesmo sem os benefícios da delação, seguiu o roteiro.
As conversas com o empresário em seguido o roteiro de que as evidências que pesam contra ele são muito fortes. O celular de Roberto apreendido pela Polícia Federal rendeu 39 mil páginas de diálogos, sendo muitos deles comprometedores. Quem teve acesso aos dados fala em mensagens pouco republicanas trocadas, por exemplo, com dirigentes do Banco do Nordeste. Da instituição financeira veio o dinheiro a juros subsidiados para reformas no Shopping Manaíra e a construção do Shopping Mangabeira. As conversas com fiscais de contrato são as mais graves, com supostos acordos de propina. Nestes casos há pedidos abertos de dinheiro para “agilizar” a liberação da burocracia.
O empresário, conhecido por uma carreira sólida no ramo empresarial, tem tentado, sem sucesso, habeas corpus em diferentes instâncias da Justiça. Apesar dos apelos de pessoas próximas, ele tem resistido a fazer colaboração premiada. Para um eventual fechamento de colaboração, há quem fale na necessidade da indicação, por parte do empresário, de nomes de pessoas envolvidas em crimes e ainda o pagamento de uma multa. Os valores podem alcançar a casa de uma dezena de milhões. Os números não são conclusivos. As conversas entre advogados, promotores, polícia federal e o empresário tem andado mesmo assim. São três meses desde que o empresário foi preso pela Polícia Federal. Atualmente, ele está na Penitenciária de Segurança Média Hitler Cantalice, em Mangabeira.
Nesta sexta-feira, a juíza Hygina Josita Simões de Almeida negou a conversão das prisões preventivas em medidas diversas da prisão para cinco réus. Além de Leto Viana, continuam presos Leila Maria Viana do Amaral, Antônio Bezerra do Vale Filho, Lúcio José do Nascimento Araújo e Tércio de Figueiredo Dornelas Filho. Todos prestaram depoimento recentemente em juízo e confirmaram as acusações formuladas pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. A magistrada entendeu que como eles respondem a outros processos, ainda podem interferir nas investigações. No seu depoimento à Polícia Federal e à Justiça, Leto Viana apontou Roberto Santiago como responsável pela compra do mandato de Luceninha, em 2013.
Denúncia
Os acusados, segundo as denúncias, integravam uma organização criminosa no Município de Cabedelo que teria sido responsável por vários episódios criminosos, dentre eles a compra e venda do mandato do ex-prefeito José Maria de Lucena Filho (Luceninha) e a sua consequente renúncia ao cargo; irregularidades na Prefeitura e na Câmara de Vereadores, com contratação de servidores fantasmas; e esquema de recebimento de dinheiro desviado do salário dos servidores municipais.
Constam ainda nas acusações outras irregularidades, como o financiamento de campanha de vereadores; atos de corrupção envolvendo a avaliação, doação e permuta de terrenos pertencentes ao erário municipal, que beneficiava diversas empresas, bem como ações ilícitas para impedir a construção do Shopping Pátio Intermares, com a distribuição de valores ilícitos para vereadores, com atuação pessoal de Leto Viana.
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