Em menos de uma semana, três secretários, umbilicalmente, ligados ao ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) deixaram o governo de João Azevêdo (PSB). No total, com a prisão de Livânia Farias, quatro ricardistas saíram do governo, em apenas cinco meses de gestão. Pessoas do chamado “coletivo girassol”, a exemplo de Gilberto Carneiro, Waldson Souza e, por último, Amanda Rodrigues, namorada de Ricardo.
Nos bastidores do jardim, fala-se que as demissões fazem parte da estratégia que visa estancar a sangria do governo desde a deflagração da 2º fase da Operação Calvário, que começou a revelar o envolvimento de agentes públicos no esquema de desvio de dinheiro da Cruz Vermelha, Organização Social que administra o Hospital de Trauma e outras unidades hospitalares do Estado.
Chegou-se a cogitar que a saída da namorada de Ricardo do Empreender-PB e das Fianças do Estado sinalizava rompimento entre João e o ex-governador, mas a tese não se sustenta, já que os dois estão, totalmente, imbricados. Um rompimento de João, nessa altura do campeonato, poderia trazer grandes consequências ao mandato do atual governador. A estratégia é vender um distanciamento que não existe.
O fato é que João não tem autonomia para se desvencilhar de Coutinho. A Operação Calvário descobre a cada fase, o entrelaçamento de cada peça do “mecanismo”. A delação de Livânia e o aguardado depoimento de Maria Laura, coordenadora financeira da campanha do PSB em 2016 e 2018, deve contaminar o núcleo do atual governo. O rompimento seria suicídio político, uma cruz a mais para Azevêdo carregar.