A ex-premeira-dama Pâmela Bório reafirmou ao blog, neste sábado (2), que viu caixas de dinheiro em 2014 na Granja Santana, residência oficial do governador. O mandatário da época era o governador Ricardo Coutinho (PSB), com quem a jornalista era casada. O caso foi divulgado pela primeira vez em 2016, ano seguinte à separação. Na Assembleia Legislativa, o deputado Tovar Correia Lima (PSDB) cobrou investigação. Nas rodas políticas, ficou o dito pelo não dito. O caso voltou à tona agora, quase três anos depois, por causa das denúncias dos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e da Paraíba. Na sexta-feira (1º), um ex-assessor do governo da foi preso e dois secretários foram alvos de mandados de busca e apreensão na segunda fase da operação Calvário. No meio de tudo, a Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul e caixas de dinheiro.
Foram presos o ex-assessor da Secretaria de Administração, Leandro Nunes Pereira; o manda-chuva da Cruz Vermelha, Daniel Gomes da Silva, e a secretária particular dele, Michelle Louzada Cardoso. De acordo com a denúncia, ele, Daniel, pagava as propinas e ela, Michelle, fazia a entrega, utilizando, para isso, caixas de uísque ou de vinho. Leandro era assessor técnico de gabinete da secretária de Administração, Livânia Farias. Trabalha com ela, no governo, desde 2011, primeiro ano da gestão de Ricardo Coutinho. Teria cabido a ele, em 2014, fazer a receptação de uma das três caixas de dinheiro que teriam sido doadas pela Cruz Vermelha naquele ano. Livânia foi alvo, na última sexta-feira (1º), de mandado de busca e apreensão na casa dela. O mesmo ocorreu com o secretário de Planejamento e Gestão, Waldson de Souza.
Livânia, de acordo com a investigação, teria atestado a regularidade da Cruz Vermelha como Organização Social, em 2011, sem os requisitos necessários. Souza era o secretário de Saúde da época em que a Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul começou a administrar o Hospital de Trauma. De lá para cá, mesmo com auditorias do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e da Controladoria Geral do Estado atestando inconformidades nos contratos, eles se multiplicaram. A Cruz Vermelha e o Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP), ambos comandados por Daniel, movimentaram R$ 1,1 bilhão de 2011 até o final do ano passado. As OS’s administram o Hospital de Emergência e Trauma, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires e o Hospital Regional de Mamanguape.
A segunda etapa da operação Calvário também cumpriu mandados de busca e apreensão contra a empresária Analuisa de Assis Ramalho Araújo, ligada ao ramo alimentício. A primeira fase da operação já havia levado Daniel Gomes da Silva para a cadeia, junto com outros 11 membros da organização criminosa. Desde que tomou posse, o governador João Azevêdo (PSB), herdeiro político de Ricardo Coutinho, tem tomado medidas voltadas para a saída da Cruz Vermelha da gestão. Primeiro houve a exoneração de Leandro Nunes. Depois ele determinou a intervenção nos três hospitais administrados pelas empresas comandadas por Daniel. Determinou, ainda, a elaboração de uma auditoria que será feita pela Secretaria de Saúde.
Neste sábado, em uma rede social, a ex-primeira-dama Pâmela Bório voltou a acusar o ex-governador de compactuar com a corrupção. “E assim a Paraíba entra para história como o segundo maior esquema de CORRUPÇÃO no Brasil. Perdendo apenas para o esquema de corrupção do PT. Que não seja mais uma denúncia que culmine em impunidade, queremos que TODOS os criminosos corruptos assassinos sejam presos!!! Corrupção mata! Mata por falta de medicamentos, por mal atendimento nos hospitais quando tem atendimento No dia 30 de outubro o meu irmão morreu no Hospital de Trauma e antes denunciei aqui que sequer fizeram exame nele quando foi socorrido ele estava com hemorragia interna e o mandaram de volta para casa com presciência de anti-inflamatório e relaxante muscular!”
A atuação da Cruz Vermelha em vários estados será mostrada em reportagem do Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (3).
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