Os governistas e apoiadores em todos os setores tentaram enaltecer a atitude do governador Ricardo Coutinho de ficar no governo como ato de um político diferente. Não é bem assim. Verdade que Ricardo renuncia à possibilidade de disputar e ser eleito senador. O fato foi festejado como desapego a cargos. Só que isso é uma meia verdade ou um engodo como, certamente, diriam os que gostam de usar palavras mais fortes. E por que a atitude do governador é um engodo?
O governador Ricardo Coutinho está abrindo mão do Senado para não abrir mão do poder.
É bom lembrar que lá atrás o próprio governador afirmou com todas as letras que só deixaria o governo se continuasse no comando de tudo. Ou seja, só entregaria o governo à vice-governadora Lígia Feliciano se continuasse mandando, governando, e ela, a vice, exercendo o papel de Rainha da Inglaterra.
Dois governadores – o de Rondônia e de Santa Catarina – renunciaram para disputar a eleição e entregaram os cargos a vices que hoje são adversários. Não cobraram subserviência como era a exigência do governador da Paraíba à sua vice. O argumento usado é o da defesa do “projeto”. Mas que projeto? Embuste puro. O projeto é de poder.
Todos os discursos têm o mesmo tom: Ricardo vai ficar no governo para eleger João Azevedo. O próprio Ricardo grita isso aos quatro cantos. O que significa isso? O governador Ricardo Coutinho quer permanecer no poder, elegendo um aliado fiel e que não fará nada sem consultá-lo. Ricardo quer continuar mandando. Assim, não existe outra conclusão: Ricardo Coutinho acostumou-se com governo e deseja continuar pregado às mordomias do Palácio. Ricardo tem mesmo é apego ao poder.