Um sentimento de desamparo e orfandade parlamentar – na área federal – generalizou-se nos últimos anos em Sousa, alto sertão paraibano. Fato: A ausência de um deputado federal genuinamente da terra, compromissado com os anseios e demandas (represadas) do município, tradicionalmente um dos mais prósperos no campo do comércio e dos negócios na região, tem afetado o ânimo e a autoestima dos sousenses nesse particular.
Ainda que deputados federais ‘de fora’ tenham sido apoiados e votados pelo eleitorado da ‘cidade sorriso’ nesse mesmo período, e tenham realmente contribuído com o município, o sentimento que cresce não parece disposto a desejar repetir a experiência.
“Não basta que outros candidatos de outras cidades ou regiões nos representem, que falem em nosso nome; precisamos retomar o protagonismo já exercido em outras legislaturas, com a prata da casa na ponta do processo”, revelou um dos envolvidos (que não quis se identificar) nesse movimento espontâneo que coaduna com o início do ano de muitas especulações e dúvidas, da política local, passando pela estadual até a conjuntura nacional.
Do ponto de vista das lideranças políticas mais importantes de Sousa e até mesmo do Estado, o ex-prefeito João Estrela, o atual prefeito Tairone e o próprio governador Ricardo Coutinho teriam, nos bastidores, já manifestado simpatia pela Tese de se trabalhar um candidato a deputado federal com reais condições de competitividade nas próximas eleições e que tenha DNA sousense. Vereadores e correligionários políticos já se irmanam a esse sentimento que vem do próprio eleitorado e que agora caminha para tomar forma e ganhar musculatura para o embate que, certamente, virá.
Mas, qual é a Tese em questão?
Além da constatação óbvia da lacuna histórica, o que justifica, de antemão, a justa e nobre reivindicação de Sousa voltar a ter um deputado federal em Brasília, está a percepção de que entre as vagas existentes junto ao bloco do governador RC, uma destas “estaria’ a procura de um dono”. A partir dessa análise, entre os nomes mais lembrados, nesse momento, se apontam duas importantes personalidades e lideranças políticas sertanejas: o atual deputado federal (e ex-secretário de Turismo do Estado), Lindolfo Pires, e o ex-deputado federal (ex-secretário de Estado e diretor do Campus VI da UFPB), Inaldo Rocha Leitão.
Mais provável
De todo modo, como o deputado Lindolfo Pires, segundo avaliações dos últimos dias, teria dado demonstrações de que estaria mais inclinado em investir seu capital político no retorno à Casa de Epitácio Pessoa, ganha força especulações de que o escolhido venha a ser o nome de Inaldo Leitão. A seu favor, contabiliza-se a vasta experiência política, administrativa (demonstrada em vários governos) e, sobretudo, sua atuação como deputado federal.
Nesse ponto, seu vasto conhecimento jurídico e a destacada atuação na área são elementos que reforçam e enriquecem a referida Tese, afinal, não apenas Sousa e o Sertão, mas a Paraíba poderia contar, outra vez, na Câmara Federal, com um parlamentar credenciado a exercer um papel relevante nesse momento de renovação da política. Não custa lembrar, Inaldo Leitão chegou a ocupar a cobiçada cadeira de presidente da CCJ da Câmara, entre outras atuações exercidas em seus mandatos.
Por outro lado, oficialmente Inaldo Leitão ainda não se pronunciou sobre as especulações em torno de seu nome e sobre uma eventual decisão de voltar à política, mais precisamente, ao palanque eleitoral. Quem o conhece de perto, arrisca dizer que seu perfil não é de deixar passar o cavalo selado ou de fugir dos grandes desafios. Aguardemos, pois, afinal, entre a Folia de Momo e a Semana Santa, muita água deve passar debaixo da ponte.