O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, Octávio Paulo Neto, usou as redes sociais para desabafar na manhã deste sábado (30). As críticas, tendo como alvo a política, ocorreram horas após os vereadores de Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa, inocentarem o prefeito afastado Berg Lima (sem partido). Berg foi preso no dia 5 de julho em operação coordenada pelo MP. Ele foi flagrado em vídeo quando recebia dinheiro de um empresário. O pagamento, segundo a acusação, era requisito para que fossem liberadas faturas não quitadas pelo município. Por conta disso, foi afastado do cargo e responde pelo crime de concussão.
Em sua postagem, no Facebook, Octávio Paulo Neto expõe um sentimento comum à maior parte da população, o da indignação. Ele aponta para o indubitável fato de que, no ano que vem, a política e os políticos terão um acerto de contas com o eleitorado. “A política em nosso país vive refém da mediocridade de propósitos e da ausência de princípios, não há como ela nos surpreender”, disse o promotor, sem fazer referência a Berg Lima. E completou: “Chico Buarque em recente composição timbrou: ‘filha do medo, a raiva é mãe da covardia’ poderia ter ido além e dizer que a política filha do egoísmo, é mãe da hipocrisia. Na verdade seria surpresa se ela fizesse algo relevante, correto e digno, mas o indigno é seu maior produto .”
O recado foi claramente para os dez vereadores que disseram não ter visto quebra de decoro por parte do prefeito. Mas, convenhamos, poderia ser usado também no caso dos deputados federais que, em duas oportunidades, disseram não a denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (MDB). Em um país sério, a simples suspeita com indícios de materialidade seria suficiente para a renúncia e a vergonha. No Brasil como um todo e na Paraíba em particular, este amadurecimento ainda não deu as caras na política. Mas é bom ficar atento, afinal, as coisas estão mudando e a verdade será revelada nas urnas. É só esperar.
Créditos: Blog do Suetoni Souto Maior