É inegável que o governador Ricardo Coutinho (PSB) é a maior autoridade política da Paraíba. Comanda o estado, é presidente de honra do seu partido, o PSB, e figura como liderança em ascensão no Nordeste. Apesar disso, depois de marcada a esperada e polêmica audiência com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), prevista para esta quarta-feira (16), ao meio-dia, eis que a agenda do mandatário peemedebista não traz o nome do gestor paraibano. O destaque ficou para o senador Raimundo Lira (PMDB), responsável por acertar o compromisso e um dos poucos no partido que integram o rol de aliados de primeira ordem do socialista.
Foi Lira quem desfez o mal-estar instalado após o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), desafeto de Coutinho, ter divulgado que o governador seria recebido por Temer, após um não do peemedebista. Em contato com o presidente, foi acertada uma nova data e houve uma troca de palavras amistosas entre governador e presidente. Tudo no estilo quebra-gelo. O gestor paraibano encabeçou a resistência entre os governadores ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), considerado um golpe pelo socialista. Depois da posse, ele cavou uma trincheira enorme em relação ao peemedebista caminho que agora começa a ser desfeito.
O fato de o nome de Ricardo Coutinho não constar em destaque na agenda, em detrimento do de Raimundo Lira, tem justificativa. Além de peemedebista e de ter presidido a comissão do impeachment de Dilma, o senador paraibano é um voto em potencial para a Proposta de Emenda à Constituição 55, a PEC dos gastos. Uma olhada mais atenta na agenda do presidente, para esta quarta, evidencia a preocupação. Há, além de encontros individuais com parlamentares, espaço para reunião com a bancada do Espírito Santo e com a base aliada no Senado.
Pleitos
O governador vai para o encontro com Michel Temer com a mala cheia de pedidos e cobranças. Além do pedido de recursos de obras não liberados para o estado, Ricardo Coutinho deve tratar do rebaixamento da nota da Paraíba no ranking do Tesouro Nacional. A queda de B- para C+ dificultou para o governo a contratação de empréstimos internacionais, já que o governo federal não aceita posar de garantidor de gestões com problemas fiscais. O que pesa em relação à Paraíba é o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, com gasto com pessoal acima de 60% da receita.
Para Ricardo Coutinho, o problema foi gerado pelo governo federal, que vem reduzindo os repasses para os estados. Ele alega que enquanto a Paraíba elevou a arrecadação própria, o Fundo de Participação dos Estados tem acumulado perdas, o que tem prejudicado as contas do Estado. A Paraíba também briga na Justiça para receber mais recursos da repatriação. A legislação diz que cabe aos estados 21% dos 15% de Imposto de Renda cobrados dos brasileiros interessados em regularizar o dinheiro. Eles querem, no entanto, que haja o rateio também dos mesmo montante em relação às multas.
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