Em nota divulgada na noite desta sexta-feira (23), o movimento Consulta Popular Paraíba ressaltou o apoio à candidatura de Cida Ramos (PSB), da coligação Trabalho de Verdade, à Prefeitura de João Pessoa.
No documento, a organização destaca que “À frente da Secretaria de Desenvolvimento Humano, demonstrou compromisso com os movimentos sociais populares e com os setores mais empobrecidos da população”.
E continuou. “Sua eleição significará uma prefeitura aberta ao diálogo e voltada à construção de políticas públicas”, frisou o documento.
Confira abaixo a nota do Consulta Popular Paraíba.
NOTA DA CONSULTA POPULAR PARAÍBA SOBRE AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS
A Consulta Popular na Paraíba vem por meio desta publicizar sua posição frente às eleições para a Prefeitura de João Pessoa. Nosso posicionamento parte da constatação de que as forças democráticas e populares vivemos hoje um momento de resistência a uma operação de cerco e aniquilamento contra as esquerdas, criminalizando-as, tendo como ponto culminante o Golpe Institucional de 2016. Este se distingue por não fechar os canais eleitorais, embora os deforme indelevelmente, esvaziando as eleições de qualquer perspectiva real de mudança da vida das pessoas. Ainda assim, as eleições municipais deste ano exigem de nós a árdua tarefa de preservar as trincheiras possíveis na luta institucional para resistir à avalanche neoliberal. E, para tanto, é decisivo costurar a unidade da esquerda. Todavia, em João Pessoa, lamentavelmente não foi possível urdir uma candidatura unificada com todas as forças que compõem a Frente Brasil Popular (PCdoB, PT e PSB), dispersas em três chapas distintas, de modo que buscamos, enquanto Consulta Popular, preservar a unidade alcançada entre essas forças nas diferentes manifestações de luta de massas e agitprop que a FBP e a campanha pela Constituinte construiu ao longo do ano.
Avaliamos que a polarização política nacional dos últimos 13 anos entre a frente neodesenvolvimentista e a frente neoliberal, expressa na disputa entre PT e PSDB, teve como principal representante do neodesenvolvimentismo no estado da Paraíba os governos do PSB de Ricardo Coutinho. De tal forma, que a disputa política real no estado tem como principais expoentes o atual governador e o senador Cássio Cunha Lima, ganhando as demais forças um caráter secundário ou periférico. Ricardo Coutinho logrou construir, em determinados momentos, alianças táticas com algumas oligarquias do estado para levar adiante um projeto que, nos estreitos limites do deformado sistema político brasileiro, e tal como os governos Lula e Dilma no cenário nacional, impulsionou investimentos em infra-estrutura, alargando o Estado e irradiando atrás dele políticas públicas de combate ao machismo, ao racismo e à homofobia, além de tomar para si a responsabilidade em defender e implementar políticas para o campo, especialmente no âmbito da reforma agrária, em aliança com o MST.
Essas são as razões pelas quais se conforma hoje um poderoso bloco em torno da candidatura Luciano Cartaxo, centro gravitacional das mais poderosas oligarquias e forças conservadoras do estado representadas por PMDB, PSD e PSDB. Tal bloco expressa a linha de frente do que há de mais reacionário e atrasado na Paraíba, traduzido em personagens como Manoel Júnior, Cássio Cunha Lima, Agnaldo Ribeiro Coutinho, José Maranhão, Cícero Lucena, Rui Carneiro, Rômulo Gouveia e Hugo Mota, artífices principais do golpe aqui na Paraíba e que vocalizam o projeto político antagônico às forças progressistas no estado.
Partimos, então, da identificação da contradição principal da luta política no estado e dos seguintes questionamentos: Qual o impacto para as políticas públicas e conquista de direitos no caso de uma vitória do bloco neoliberal reacionário? Quais as conseqüências para a correlação de forças no estado da Paraíba e para o cenário nacional em 2018? Quais os desdobramentos em relação às condições de luta das forças populares, inclusive no âmbito da repressão, tão banalizada em outros estados? Faz alguma diferença ter nos espaços institucionais da Paraíba um porta-voz na luta democrática? Portanto, entendemos que a tarefa principal das forças democráticas e populares na disputa eleitoral em João Pessoa é derrotar a candidatura Luciano Cartaxo, e para tanto devemos apoiar a companheira Cida Ramos (40).
Professora Cida Ramos, além de uma trajetória que passa pelo movimento estudantil e, posteriormente, pelo movimento sindical docente na UFPB, sempre soube articular as lutas específicas em defesa da universidade pública com as lutas mais gerais em defesa de uma sociedade justa. À frente da Secretaria de Desenvolvimento Humano, demonstrou compromisso com os movimentos sociais populares e com os setores mais empobrecidos da população. Sua eleição significará uma prefeitura aberta ao diálogo e voltada à construção de políticas públicas que façam avançar as recentes conquistas do campo progressista, fortalecendo a resistência democrática na luta institucional e sendo importante ponto de apoio para a luta nas ruas. Portanto, dia 02 de outubro, convocamos as todos e a todas a votarem CIDA RAMOS – 40!
Nas eleições legislativas, tomando como critério a tentativa de fortalecer o campo democrático popular, buscamos contemplar aspectos referentes às questões de gênero, raça, sexualidade que, associada às questões próprias da classe, dão ao povo trabalhador toda sua diversidade. Assim, em João Pessoa, estamos apoiando duas candidaturas petistas que vocalizam setores importantes de nossa sociedade: o companheiro Marcos Henriques (13000), sindicalista, bancário, também apoiado pela Central Única dos Trabalhadores; e Renan Palmeira (13111), ativista do movimento LGBT, que tem mantido bom diálogo também com diversos segmentos organizados da juventude e das mulheres. Em Campina Grande, apoiamos a companheira Jô Oliveira (40000), mulher negra, assistente social e com largo histórico na luta em torno da identidade de gênero. Em Cajazeiras, manifestamos nosso apoio à Professora Betinha (13000), sindicalista da rede estadual e diretora do SINTEP, e do companheiro Rivelino Martins (40777), militante ligado ao movimento cultural de Cajazeiras, ambos construtores da Frente Brasil Popular naquela cidade. Em Bayeux, nosso apoio é destinado ao companheiro Josivaldo (13456).
Somos a Consulta Popular!
João Pessoa, 23 de setembro de 2016