Nada contra o cantor Wesley Safadão, cada um tem o valor que agrega. Mas em defesa do povo, não posso concordar com esse “estupro” ao bom senso, que é o pagamento de quase R$ 600 mil para o artista se apresentar no São João de Caruaru, em poucas horas.
Prova cabal do desrespeito da classe política com o dinheiro público. No cenário em que o discurso é de austeridade, contenção de despesas, corte de gastos, é afrontoso e incoerente o pagamento dessa cota ao cantor.
Porque a realidade dos municípios, principalmente nordestinos, é de desontrole das contas públicas. Gastam mais do que arrecada e os repasses caem a cada mês.
Como tolerar tal irreponsabilidade com os servirdores que padecem com salários atrasados e a população vivendo com a precariedade dos serviços prestados.
É obvio que o cancelamento do contrato com o cantor não vai resolver em si a grave crise que o país e o município enfrentam, mas revela a forma inconsequente dos políticos aplicarem o dinheiro do contribuinte.
É a política do pão e circo. Tática mais atrasada e hipócrita de distrair o povo dos problemas sociais. No Império Romano, em tempos de crise, as autoridades ofereciam diversão à classe mais explorada da sociedade com espetáculos entre gladiadores e animais, artitas circences e palhaços nos famosos coliseus. E ainda tinha a distribuição de pão, gratuitamente. Era o “presente” para plebe.
No Brasil em pleno século XXI, em tempos de crise, não temos mais os espetáculos circenses e de gladiarores para distrair o povo de possíveis revoltas sociais, mas temos o “Safadão” para alegar a população e aumentar a popularidade do “imperador” de plantão. Mudam-se os personagens, mas a história é a mesma.