Me surprendeu a mudança radical no discurso do governador Ricardo Coutinho (PSB), em relação ao governo Michel Temer (PMDB).
O foco da mensagem adotado pelo governador no processo de impeachment de Dilma era a luta pela legitimidade do voto e em favor da democracia.
Para Ricardo e o PSB da Paraíba, a ascensão de Temer ao poder, via impedimento da perista, era ilegítma. Portanto, golpe.
Porém, durante entrevista à imprensa de Maceió, sede do Fórum dos Governadores do Nordete, RC mudou a estratégia e até fez afagos ao presidente interino.
Questionado se o governo do PMDB era ilegítimo, o governador afirmou que votou no peemedebista, no segundo turno das eleições de 2014, ao depositar o voto na chapa e no projeto PT/PMDB.
Com a declaração, Coutinho dá gestos claros, que precisa manter uma relação, no mínimo civilizada, com a Presidência da República.
Está em jogo, a liberação de empréstimos que podem salvar as finanças da Paraíba e as parcerias vitais para um Estado profundamente dependente do Governo Federal.
Criar muros não é o melhor caminho para o governador e, principalmente, para os paraibanos, que sofreriam mais intensamente os dissabores de uma retaliação.
Há momentos em que recuar é a melhor estratégia. Parece que Ricardo já entendeu muito bem esse ensinamento. O próximo passo seria uma aproximação com os senadores do PMDB. O atalho para se chegar ao Palácio do Jaburu.