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Deputado diz que grupo organizado formado por desembargador e políticos assassinou petista em Mogeiro

O deputado estadual Frei Anastácio (PT) denunciou, hoje (8), que o assassinato do presidente do PT de Mogeiro e assentado da reforma agrária, Ivanildo Francisco da Silva, de 46 anos, ocorrido na noite de quarta-feira (6), no assentamento Padre João Maria, em Mogeiro, pode ser um dos vários crimes encomendados por um grupo de proprietários de terras da região do Agreste. “É a volta do crime organizado no campo, por pessoas poderosas”, afirmou o deputado.

Frei Anastácio acrescentou que “temos informações de que existe um grupo arquitetado para impedir a luta pela terra na região do Agreste paraibano. Atualmente há um grupo de capangas fortemente armados atuando nos municípios de Mogeiro, Itabaiana e São José dos Ramos. Eles estão sendo pagos por um grupo de cinco proprietários rurais desses municípios”, denunciou o deputado.

Proprietários que formam o grupo

De acordo com o parlamentar, “o grupo é formado pelos proprietários José Guilherme, dono da fazenda Paraíso; José Otávio Silveira, proprietário da fazenda Fazendinha; o jogador de futebol Ailton, de Mogeiro, além de Maria Luiza, dona da fazenda Salgadinho (ex-vice-prefeita de Mogeiro), Alexandre de Miranda, que comprou uma parte da fazenda Salgadinho e o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Paraíba, Paulo Américo Maia Filho, dono da fazenda Pau a pique, em São José dos Ramos”, denunciou o deputado.

O parlamentar acrescentou que todos esses nomes já foram entregues às autoridades para que sejam investigados. Frei Anastácio disse ainda que na tarde de quarta-feira (6), Ivanildo e outras lideranças haviam realizado reunião com a assessoria jurídica da Comissão Pastoral da Terra (CPT), para relatar toda organização criminosa.

 “A assessoria jurídica estava elaborando um documento que seria encaminhado ao nosso mandato, ao mandato de Luiz Couto, além das autoridades estaduais e federais. Mas, na noite da quarta-feira (6), os pistoleiros começaram a agir e tiraram a vida de Ivanildo”, denunciou.

O deputado relatou que os pistoleiros arrombaram a porta dos fundos da casa de Ivanildo, que assistia televisão com sua filha de um ano e meio. A perícia mostrou que o trabalhador ainda chegou a correu para a porta da frente, para tentar escapar,mas foi atingido com um tiro de revólver, ou pistola, e um disparo de espingarda calibre 12 na parte superior da cabeça.

O corpo de Ivanildo foi encontrado por volta das 7h, caído para o lado de fora da porta da frente. A filhinha dele passou a noite ao lado do corpo e foi resgatada por um vizinho toda suja de sangue. Ela não tem ferimentos e está bem.

Perseguição e prisão

Ivanildo foi um dos oito trabalhadores da antiga fazenda Mendonça,em Mogeiro – hoje Assentamento Dom Marcelo – que ficaram 19 meses presos entre abril de 2002 e dezembro de 2003, acusados injustamente de terem atentado contra a vida do policial civil Sérgio Azevedo.Esse policial era líder de capangas na região de Itabaiana. Ivanildo e os outros foram julgados em 2015 pelo Tribunal do Júri de João Pessoa e absolvidos por unanimidade.

 “Em outubro do ano passado, Ivanildo e outros cinco agricultores da fazenda Salgadinho, no município de Mogeiro, foram feridos a tiros de espingardas 12 e revólveres 38 por capangas pagos pelos proprietários da terra, quando realizavam um mutirão. Os capangas foram presos e depois soltos, depois de pagamento de fiança. Não temos dúvidas de que a morte de Ivanildo é fruto da atuação de crime organizado na região do agreste”, disse o deputado.

Velório do trabalhador

O corpo de Ivanildo passou a noite de ontem sendo velado na Associação do Assentamento Padre João Maria. Às 8h, o caixão foi levado numa caminhada por centenas de trabalhadores até a igreja matriz, que fica na cidade de Mogeiro para realização de uma missa com participação de trabalhadores rurais e lideranças de todo estado.

Assessoria

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