Confesso que fui surpreendido com o protesto realizado no início da noite de ontem (5), em frente ao Grupamento de Engenharia, na Avenida Epitácio Pessoa, na capital paraibana.Vestindo as cores da bandeira brasileira e com faixas e cartazes nas mãos, um pequeno grupo de manifestantes realizou um protesto pedindo a intervenção militar no Brasil.
Segundo os organizadores, o protesto ocorreu em várias cidades do país e vai se repetir, mensalmente, até que o Exército assuma o poder. Eles acusam o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ligações com grupos criminosos e com o narcotraficantes.
Nunca imaginei que quarenta anos após o período mais tenebroso da história do Brasil, uma parcela da população – bem pequena é verdade – apoiaria o golpe militar. Mas também nunca passou na cabeça do mais radical defensor da extrema direita desse país, que o PT, 35 anos depois estaria em situação pior do que partidos que historicamente combateu.
O peso sobre os ombros do PT é maior, porque conquistou, aos poucos, a confiança da população com o discurso radical e intolerante à corrupção. Descobre-se, pouco tempo depois de chegar ao comando da nação, que a mensagem hipócrita não se sustentou diante das tentações do poder. O sentimento dessas pessoas que foram às ruas é de desesperança. Não é fácil aceitar que o símbolo da “transformação ética” de um povo, está morrendo asfixiado na lama da corrupção.
Entretanto, o remédio para “traição” não é reatar relacionamentos traumáticos, marcado por abuso, violência e desrespeito à dignidade humana. O golpe, através da intervenção militar não cura as feridas abertas pelo PT. É a capacidade de resignação forjada nas grandes mobilizações que pode devolver o sonho de uma nação que não foge à luta. Por maior que seja a decepção com pessoas, políticos, partidos ou segmentos da sociedade, nada justifica retroceder e abrir mão de conquistas alcançadas com luta, sangue e morte.