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A crise hídrica e a sede de mudança

A Paraíba enfrenta um colapso na área de recursos hídricos. 170 municípios do Estado enfrentam dificuldades com a falta d’água. O açude de Boqueirão, que abastece Campina Grande e mais 18 cidades, opera apenas com 15% da capacidade.

A situação é tão séria, que no vale do Piancó as pessoas “brigam” por água. As filas são quilométricas em busca do líquido precioso e o principal pedido aos prefeitos não é mais por emprego ou dinheiro, mas uma lata d’água. Foi isso que disse, ontem, a uma emissora de rádio da capital um prefeito da região do vale do Piancó. O que me revolta, é saber que a culpa da escassez de água não pode ser creditada apenas a falta de chuva.

A seca não é exclusiva do Nordeste, ocorre com frequência e pode ser previsto com antecedência. Israel, país localizado numa área desértica, é um exemplo de que a falta de água não deve afetar o destino de uma nação. Desenvolveram tecnologia suficiente e necessária para transformar o deserto em manancial. É referência mundial em segurança hídrica.

A seca atinge o nordeste há mais de quatro séculos e o Governo assiste de forma inerte e imparcial esse flagelo. Muitos lucram financeiramente e eleitoralmente com a situação, através das medidas assistenciais. Os políticos brasileiros fazem política com a miséria do povo.

Medidas paliativas, nesse momento, como carro-pipa, construção de cisternas, bolsa estiagem são até necessárias e urgentes. Mas o foco deve ser a conclusão das obras do rio São Francisco. Projeto iniciado em 2006, com conclusão prevista pra 2010 e que em 2015 ainda não há data para a entrega. Isso sem falar do superfaturamento da obra, orçada inicialmente em R$ 4 bilhões.

Hoje, o total de recursos investidos ultrapassam R$ 8 bilhões. Maior exemplo do descaso do Governo ou dos Governos com o povo nordestino. O Deputado Federal, Rômulo Gouveia tem cobrado a implantação do terceiro turno de trabalho para acelerar as obras, mas parece que não tem conquistado a simpatia dos gestores.

Em entrevista, ontem, ao 60 minutos, da Rádio Arapuan FM, o parlamentar disse que tem outra audiência marcada com o Ministro da Integração Nacional para discutir o assunto. Ele afirmou que o Governo Federal não tem apresentado soluções para resolver a atual situação dos flagelados da seca. Concluo argumentando que o problema da seca no Nordeste é mais político do que climático.

Num país com um mínimo de decência e respeito ao seu povo, não estaríamos vendo, em pleno século 21, pessoas e animais morrendo de sede e fome. Muito mais do que matar a sede biológica, a Paraíba precisa matar a sede de mudança e transformação!

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